Corrupção na Madeira: autarca e a mãe escondem 100 mil euros em dinheiro vivo e depósitos

26 jan, 20:00
Pedro Calado, presidente da Câmara Municipal do Funchal (Facebook)

Inspetores da PJ encontraram 20 mil euros em notas na casa do autarca, a que se somam outros 10 mil escondidos em casa da mãe

Pedro Calado, presidente da câmara do Funchal e ex-vice-presidente do governo regional da Madeira, foi apanhado com quase 100 mil euros, entre dinheiro vivo e depósitos que lhe fizeram em notas, que o Ministério Público acredita terem origem nos pactos de corrupção que celebrou com empresas de construção, apurou a CNN Portugal.

Quarta-feira de manhã, quando os inspetores da PJ entraram em casa do autarca, lá estavam 20 mil euros em notas, a que se somam outros 10 mil escondidos em casa da mãe. Escutas telefónicas e vigilâncias aos alvos revelaram que a mãe de Pedro Calado funcionaria como testa-de-ferro do filho – por este ser publica e politicamente exposto e poder estar sob investigação. 

A mãe do governante, que deverá ser constituída arguida por branqueamento de capitais, recebia alegadamente dinheiro dos subornos para depois fazer chegar ao filho: “A mãe de Pedro Calado, durante período de tempo indeterminado, terá recebido quantias, pelo menos, em numerário que, depois, transferiu para as contas daquele”, escreve o Ministério Público no processo. 

 Mas também nas contas de Pedro Calado, depois de lhe ter sido levantado o sigilo bancário, a PJ encontrou dinheiro com proveniência suspeita e não justificada pelos rendimentos que aufere no Estado: “Entre 2018 e 2021, que coincidiu com o período em que exerceu o cargo de vice-presidente do governo regional da Madeira, Pedro Calado, por interposta pessoa, efetuou depósitos de numerário no montante de 67 mil euros".
 
Tudo somado, quase 100 mil euros que a investigação acredita serem apenas a ponta do icebergue nas contrapartidas que Pedro Calado somou ao longo dos anos pelos benefícios que foi dando na Madeira, com as suas decisões no governo regional e na câmara, a grandes construtoras: adjudicações de milhões de euros a empresas como o grupo AFA, que detém os hotéis Savoy, a Socicorreia ou a sociedade Caldeira e Costa.

Segundo o Ministério Público, foi subornado “desde logo para financiar as competições de rally a que se dedica a título pessoal, bem como outros gastos da sua vida privada (...)".

Custódio Correia, que está entre os detidos, é o dono da socicorreira, empresa com histórico de patrocínios nos rallys onde o autarca do Funchal participa como navegador: Desde 2011 até 2024, foram adjudicados contratos à Socicorreia engenharia, por entidades da região autónoma, num total ganho de mais de 17 milhões de euros."

Outra sociedade investigada por ter ganho contratos à custa de alegada viciação das regras da contratação pública é a Caldeira Costa: em 76 por cento dos contratos assinados com a vice-presidência do governo regional, onde esteve Pedro Calado, a adjudicação foi por ajuste direto. 

Já o grupo AFA de Avelino Farinha, onde o autarca do Funchal foi administrador, teve um ganho de 17 milhões em três contratos, em seis meses, com a câmara dirigida por Calado.

Outra suspeita prende-se com contratos com a Afavias de 96 milhões de euros quando Calado estava na vice-presidência do governo de liderado por Miguel Albuquerque.

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