Sindicato de Jogadores lançou programa de educação e formação

30 mar 2016, 21:13

Iniciativa visa dar aos jogadores uma alternativa profissional depois de terminada a carreira de futebolista

São conhecidos demasiados casos dramáticos de jogadores que, depois de acabarem a carreira, passam por extremas dificuldades para voltarem a inserir-se numa sociedade que fecha a porta a pessoas sem formação. Essa tem sido uma preocupação constante do Sindicato de Jogadores Profissionais de Futebol (SJPF), liderado por Joaquim Evangelista, ao logo dos últimos anos e, esta quarta-feira, o representante dos jogadores avançou com a apresentação de um programa de «educação e formação» para preencher essa lacuna no futebol português. Uma iniciativa que contou com a adesão de vários estabelecimentos de ensino e de todos os sectores do futebol indígena.

Sob o lema «valoriza a tua carreira dentro e fora das quatro linhas», o SJPF pretende com esta iniciativa oferecer aos jogadores um futuro depois de terminada a carreira. Com a presença dos presidentes do Comité Olímpico Português, Manuel Constantino, e da Federação Portuguesa de Futebol, Fernando Gomes, bem como do secretário de Estado da Juventude e Desporto, João Wengorovius Meneses, e do presidente do Benfica, Luís Filipe Vieira, o líder do SJPF, Joaquim Evangelista, destacou a importância da iniciativa numa semana em o futebol, marcado pelos atentados de Bruxelas e pela morte de Johan Cruijff, voltou a ser factor de inclusão.

Desporto e escola de mãos dadas dfoi o mauior contibuto de Johan Cruijff»

«O desporto assume um papel transversal na nossa vida e com esta ação pretendemos relacionar o desporto e cidadania e o desporto e a educação. Os jogadores de futebol têm dificuldade em conciliar atividade profissional com os estudos, a maioria não consegue vencer. A formação assume um papel crucial na transição das carreiras, no momento pós-desportivo e com este projeto pretendemos que os jogadores se formem para o pós-futebol», destacou o líder do SJPF na cerimónia que decorreu num hotel de Lisboa, recordando que «60 por cento dos jogadores acabam por abandonar os estudos».

Fernando Gomes, presidente da FPF, fez questão de associar-se a esta iniciativa, citando Padre António Vieira. «Uma boa educação é moeda de ouro, em toda a parte tem valor. É inegável que o SJFP está empenhado na formação do jogador. Este programa pretende dar uma maior integração nos diferentes mercados de trabalho, louvo a ação do sindicato ao dar uma formação específica, procurando sempre educar mais e formar melhores futebolistas. A FPF também vai apoiar com entusiamo esta missão», destacou o presidente da FPF.

Já o secretário de Estado João Wengorovius Meneses salientou que este protocolo se «enquadra no programa do governo quer na área da educação quer na do desporto. É um programa que nos agrada muitíssimo, contem connosco», referiu o governante, mostrando-se também agradado com a iniciativa.

Neste sentido, o SJPF estabeleceu um protocolo com vários estabelecimentos de ensino, entre os quais o Instituto Superior da Maia (ISMAI), Universidade Lusófona, Universidade Humana, Universidade Europeia, Universidade Aberta, entre outros.

A assistir à apresentação deste programa, estiveram também antigos jogadores, como João Tomás e João Vieira Pinto [diretor da Federação Portuguesa de GFutebol], e outros ainda em atividade, como os jogadores do Belenenses Tiago Caeiro e Ricardo Dias. No final, todos elogiaram o programa do sindicato e falaram dos casos pessoais.

Tiago Caeiro (jogador do Belenenses): «Deixei os estudos com 18 anos, quando estava no 11º ano. Estou a ver melhor hipótese para mim, mas quero continuar ligado ao desporto. No início da carreira não aproveitei os estudos, como acontece com a maioria dos jogadores, e vou aproveitar este projeto do sindicato com as universidades para estudar para, quando terminar a carreira, estar preparado para outro futuro profissional.

João Vieira Pinto [antigo internacional e atual diretor da FPF]: «Numa escala de zero a dez, dava claramente dez a este programa, pela preocupação que o sindicato tem tido ao longo dos últimos anos demonstrado pela educação e formação de jogadores, ex-jogadores e futuros jogadores. O sindicato tem sido incansável nesta matéria. Pela importância que a educação e a formação têm na carreira dos jogadores, que é incerta. Há imensos problemas durante a carreira, nomeadamente as lesões, não ter contrato, os salários em atraso em alguns clubes. Este programa precave alguns insucessos desportivos e poderá dar uma carreira profissional aos atletas».

Ricardo Dias [jogador do Belenenses]: «Nunca é cedo para pensar nos estudos, nunca deixei de estudar, mesmo depois de me tornar profissional de futebol, foi sempre um objetivo que tive. É certo que as coisas ficam mais difíceis, não consigo ter uma assiduidade tão grande, mas é um objetivo que tenho, que é licenciar-me e ter uma formação académica para quando deixar de jogar futebol continuar a minha vida da melhor maneira. É sem dúvida um grande problema na nossa sociedade. Os principais responsáveis têm sido os pais que querem que os filhos sejam jogadores e muitas vezes forçam para que isso aconteça e tornam-se prejudiciais para eles. É difícil chegar ao topo do futebol português e os jogadores acabam por se perder pelo caminho».

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