Diogo Viana: a troca por Postiga e as oportunidades para os portugueses

14 ago 2014, 11:18
Diogo Viana

«Há demasiada qualidade em Portugal para não ser aproveitada»  

Sete anos de leão ao peito, nas equipas de formação do Sporting conferiam a Diogo Viana esperanças de atingir o ambicionado sonho de se tornar profissional no mundo do futebol. Havia-se mudado do modesto Esperança de Lagos para o Sporting, mas a sua vida haveria de dar mais uma volta gigantesca.
 
Ainda nos escalões de formação transferiu-se para o FC Porto, que cedeu aos leões o avançado internacional Hélder Postiga. «Fui o melhor jogador do Torneio de Lisboa de sub-18, os responsáveis do FC Porto estavam a ver o torneio e ficaram bastante interessados na minha contratação. Perguntaram ao Sporting em que condições podiam contar comigo, e na altura o Paulo Bento era o treinador principal do Sporting e avalizou a troca do Hélder Postiga por mim», contou em entrevista ao Maisfutebol
.
 
Mudança surpreendente, o FC Porto dava um avançado com tarimba e com créditos firmados e levava Diogo Viana. Os sonhos do menino de Lagos pintavam-se agora em tons de azul e branco. Sonhos que ganharam contornos de realidade ainda nos juniores, quando Jesualdo Ferreira o lançou no dia 8 de janeiro de 2009. O extremo jogou 17 minutos na vitória do Porto sobre o V.Setúbal, a contar para a Taça da Liga.
 
«Se estivesse no Sporting talvez chegasse à equipa principal»
 

A verdade é que depois de quatro jogos disputados na equipa principal, todos na Taça da Liga, não mais teve oportunidade de voltar a vestir a camisola azul e branca. Tornou-se profissional, é certo, mas seguiram-se empréstimos ao Venlo, Holanda, e ao Desportivo das Aves.
 
A estreia foi precipitada? Diogo Viana é mais um dos casos de desaproveitamento dos jovens portugueses? «É muito difícil responder a isso. Estreei-me como profissional aos 18 anos na equipa do FC Porto, e a partir de dezembro passei a integrar os quadros da equipa principal. Treinava com eles todos os dias, joguei quatro jogos e a realidade é que o porto deu-me as oportunidades necessárias. Depois no primeiro ano de sénior o Porto emprestou-me à primeira divisão holandesa, que é um grande campeonato, é difícil dizer isso», explica o extremo.
 
Diogo Viana reagiu com sorrisos à pergunta seguinte. E se tivesse ficado no Sporting? A história teria sido diferente? «É complicado. Quando o Sporting teve aquela grande crise financeira, em que teve de apostar na formação, como fez no passado, se calhar se estivesse lá era possível chegar a fazer parte da equipa principal do Sporting. Mas, tendo o Porto dado as oportunidades que deu, e eu jogando na equipa principal com 18 anos é complicado dizer que teria mais oportunidades no Sporting», atesta o jogador de 24 anos.
 
«Gil Vicente mostra que os jovens portugueses têm qualidade»

 
Diogo Viana não considera o seu caso propriamente como um exemplo, até porque acredita que teve oportunidades para vingar. Ainda assim, o algarvio concorda com a teoria de que os jovens portugueses são mal aproveitados.
 
«Sou dessa opinião, é claramente verdade. Acho que em Portugal há demasiada qualidade para não ser aproveitada, para depois se ir buscar a mesma qualidade ou até menor ao estrangeiro. Os jogadores sempre que vão a campeonatos do mundo ou campeonatos da europa, fazem grandes prestações e são assediados por todo o mundo. Aqui em Portugal os clubes já os têm e não apostam neles, é um bocado ingrato. Nós que estamos por fora e somos jovens, é um bocado ingrato ver isto. Espero que isso mude», refere o jogador do Gil ao nosso jornal.
 
Ainda sobre este tema, o jogador destaca a política adotada no Gil Vicente, considerando o clube que representa como um exemplo: «O projeto do Gil Vicente mostra que os jovens portugueses têm qualidade. É um projeto que passa pelo treinador e pela aposta em jovens jogadores portugueses. Acredito que o Gil Vicente seja uma montra para isso mesmo, para mostrar que há qualidade nos jogadores portugueses. É um projeto bem conseguido».
 
Para jogar no Gil Vicente, Diogo Viana recusou uma proposta dos italianos do Parma. Apesar de achar o convite gratificante, as experiências do passado levaram o jogador a ponderar melhor o seguimento a dar à sua carreira: «Fui para um clube grande ainda muito novo, com dez anos. Já tinha estado no estrangeiro, tinha apenas quatro jogos pelo Porto quando tinha 18 anos e decidi arriscar a minha chance na I Liga portuguesa. Foi isso que me passou pela cabeça. A experiência ajudou-me a decidir. Estou feliz e Barcelos».

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