As chaves estavam no bolso de Tengstedt
O Benfica somou os primeiros três pontos na Liga 2023/24 com uma vitória sobre o Estrela (2-0), na Luz, arrancada a ferros, com Roger Schmidt a ter de recorrer ao banco para, com David Neres e Casper Tengstedt, resolver o jogo ao minuto 79. Um enorme alívio percorreu as bancadas da Luz que esteve muitos minutos a ver o campeão, na estreia de Arthur Cabral, a chocar sistematicamente contra a muralha montada pela equipa de Sérgio Vieira. Já em período de compensação, Rafa fez o segundo e o campeão voltou a sorrir.
O desaire do Bessa ditou uma equação difícil para Roger Schmidt na reconstrução do onze, face à exibição de Vlachodimos, criticada pelo treinador, mas também com a lesão de Jurasék e a expulsão de Musa. O alemão acabou por surpreender com a solução para a baliza, abrindo as portas da titularidade ao jovem Samuel Soares, deixando o reforço Trubin no banco e relegando o habitual titular para as bancadas. A solução para o lado esquerdo da defesa passou pela adaptação de Aursnes, deixando Ristic no banco e abrindo espaço, no mesmo corredor, para o regresso de João Mário. Estava encontrada a receita para a reabilitação do campeão, para um jogo especial, a estreia no Estádio da Luz.
Desta vez o Benfica, com o estádio cheio, não podia voltar a falhar. E a verdade é que os encarnados procuraram entrar com tudo, colocando muitos homens na frente, mas rapidamente percebeu-se que não ia ser fácil entrar na área com a bola controlada, uma vez que o Estrela também defendia com muita gente. Em dois tempos, as duas equipas concentraram-se numa curta faixa de trinta metros, com a equipa de Roger Schmidt à procura de portas para entrar, sobretudo na direita, onde Bah e Di María conseguiam chegar à linha de fundo. João Mário, Kökçü e João Neves também forçavam a porta central, enquanto João Mário tinha mais dificuldades em entender-se com Aursnes no lado contrário.
O Estrela fechava-se muito bem e procurava sair a jogar, apostando tudo na velocidade de Ronald Pereira e Ronaldo Tavares, sempre prontos para arrancar em sprint, ambos controlados por Otamendi e António Silva. Durante quase meia-hora o Benfica esteve a chocar contra a parede montada pelo Estrela e, neste período, o Estrela até teve uma boa oportunidade para marcar, com Ronaldo Tavares a escapar pela esquerda e a servir Ronald Pereira junto ao primeiro poste para um remate de primeira que não passou longe da baliza de Samuel Soares.
O Benfica começou a crescer nos últimos quinze minutos, primeiro com remates de Di María de fora da área, depois com Kökçü a encontrar finalmente o seu espaço no jogo. O jogador turco começou por fazer um passe de golo para a entrada de Ba, que cabeceou ao lado, e, logo a seguir, também destacou o reforço Arthur Cabral na área, mas o brasileiro permitiu a defesa de Bruno Brígido.
As bancadas empolgaram-se e o Benfica também, aumentando a intensidade do jogo, agora com maior mobilidade, com Rafa, Di María e também Arthur Cabral, a virem de dentro para fora à procura de bola. As oportunidades multiplicaram-se até ao intervalo, com destaque para mais um pontapé de Di María que só não resultou em golo porque Bruno Brígido respondeu com a defesa da noite. O intervalo chegou com o Benfica completamente instalado na área do Estrela e Di María a pedir um penálti, mas não foi ouvido por Gustavo Correia.
Florentino estabiliza, David Neres constrói e Tengstedt marca
O Benfica regressou do intervalo com Florentino e sem João Neves e com uma intensidade estranhamente mais baixa em relação ao final da primeira parte. Roger Schmidt deve ter, certamente, pedi à equipa para não se precipitar e pensar mais o jogo. A verdade é que o Estrela aproveitou a quebra no ritmo para subir as suas linhas e conquistar os dois primeiros pontapés de canto do jogo. Quando o Benfica começou novamente a subir, surgiu um dos casos do jogo. Ronald Pereira escapou pela direita, em velocidade, entrou na área e tentou cruzar para o lado contrário, mas a bola atingiu o braço de Florentino. O árbitro apontou para a marca dos onze metros, mas acabou por reverter a decisão quando reviu as imagens do lance. Florentino tinha o braço junto ao corpo.
Tal como na primeira parte, o Benfica foi crescendo, empurrando o Estrela para o interior da sua área, multiplicando as oportunidades de golo, mais uma vez com Di María a dar o exemplo, com mais um remate, desta vez em arco, a testar os reflexos de Bruno Brígido, que respondeu com mais uma grande estirada. Em noite inspirada, o guarda-redes não deixava passar nada e, nos instantes seguintes, defendeu remates de Kökçü e Arthur Cabral, este último a contar ainda com uma recarga de Di María às malhas laterais. Os adeptos gritaram golo, pura ilusão de ótica.
O Benfica voltava a pressionar e Schmidt, que já tinha lançado David Neres, trocou Arthur Cabral, por Tengstedt e o dinamarquês só precisou de um minuto para fazer o que o brasileiro não conseguiu em 78. Um golo construído a partir do banco, com David Neres a passar por Léo Cordeiro sobre a esquerda e a cruzar para o desvio de primeira do jovem avançado. Explosão de alegria nas bancadas da Luz que vinham a acumular ansiedade desde os primeiros instantes do jogo.
Estava feito o mais difícil. O Estrela ainda abriu as suas linhas, à procura do empate, e o Benfica, com David Neres a deixar claro que o jogo podia ter sido bem menos sofrível, teve finalmente espaço para correr. Rafa matou definitivamente o jogo com o segundo golo e ainda atirou ao poste no tempo de compensação.
O campeão volta a sorrir, mas tem muito problemas para resolver ao longo da semana.