“O silêncio é ensurdecedor”. Família e amigos de Keyla Brasil queixam-se de falta de transparência: ativista sofreu AVC na Tailândia após cirurgia para mudar de sexo

10 set 2023, 18:22
Desaparecida há mais de três dias: Keyla Brasil recebeu ameaças de morte após intervenção em peça de teatro

Família e amigos dizem desconhecer pormenores do estado de saúde de Keyla Brasil e também questionam os procedimentos médicos a que terá sido sujeita antes e depois da cirurgia de redesignação sexual. A ativista terá sido operada no sábado após um AVC isquémico

A família e amigos da ativista Keyla Brasil queixam-se da falta de transparência sobre o estado de saúde da ativista trans, que sofreu um AVC isquémico na Tailândia, país para onde viajou para se submeter a uma cirurgia de mudança de sexo. Em comunicado, dizem desconhecer o atual estado de saúde da artista.

“Todos os esforços têm sido feitos para oficialmente obter informações médicas, estados clínicos e apuramento das condições que levaram a este incidente, no entanto todos os caminhos, todas as portas, têm sido consecutivamente fechadas”, reagem.

E, apesar de todas as tentativas, inclusive através dos contactos com a Embaixada do Brasil, “continuamos sem receber relatórios médicos ou informação detalhada do estado da Keyla”.

Família e amigos da ativista trans, que ficou conhecida por invadir o palco do Teatro São Luiz durante a peça “Tudo sobre a Minha Mãe” contra a contratação de um ator transgénero para um papel de uma personagem trans, também questionam os procedimentos levados a cabo pela clínica onde Keyla Brasil fez a cirurgia de redesignação sexual.

“Informamos que não foi pedido nenhum exame médico por parte da clínica ou Dr. Thep à Keyla”, escrevem. E adiantam mais detalhes: “A aprovação [para a cirurgia] foi dada sem qualquer exame médico e somente foi realizado um suposto exame psicológico, com perguntas básicas”.

Keyla viajou para Banguecoque, na Tailândia, a 23 de agosto, para um país que é “reconhecido como referência mundial para este tipo de procedimentos”. A 26 de agosto foi operada na clínica Pratunam Polyclinic, por um cirurgião que família e amigos identificam como “Dr. Thep”.

Segundo os relatos da própria, a vaginoplastia teria corrido bem. Nos dias seguintes, deslocava-se em cadeira de rodas entre o hotel e a clínica, a cerca de 200 metros. O comunicado esclarece que a escolha do hotel foi da própria clínica. “O objetivo dessa deslocação era a toma diária de anticoagulante injetado”, concretizam.

Keyla Brasil terá tomado “anti-inflamatórios, antibióticos e outros medicamentos não identificados fornecidos pela clínica em sacos transparentes somente distinguíveis pela cor”.

Doze dias depois da cirurgia, sofreu um AVC isquémico enquanto se encontra no hotel. Foram ativados os serviços de socorro, através de uma paciente de quem se tornara amiga nessa estadia. Agora, familiares e amigos estranham que tenham surgido membros da clínica privada onde foi operada nesse momento de socorro.

“Perda de sensibilidade na parte esquerda do corpo, convulsões, boca deformada, espumar da boca e tremor nos olhos” foram os sintomas demonstrados pela atriz.

Keyla Brasil foi encaminhada para um hospital privado, o Phyatai Hospital 1, por indicação do próprio Dr. Thep – uma decisão que família e amigos questionam, esperando respostas sobre a ligação entre as duas unidades. “O seu silêncio é ensurdecedor e a sua comunicação é feita de forma paralela, através de outras pacientes”, descrevem.

A indicação que receberam é de que Keyla terá sido operada este sábado, mas já colocam em cima da mesa a possibilidade de estar informação ser uma “manobra de distorção da realidade”.

Entretanto, foi lançada nas redes sociais uma campanha de recolha de fundos, com a intenção de enviar algum representante da família e amigos até à Tailândia, para perceber no local o estado de saúde de Keyla e obter informações de uma forma mais direta.

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