Atriz trans Keyla Brasil, que interrompeu peça no São Luiz, está desaparecida há 48 horas

CNN Portugal , MJC
29 jan 2023, 16:02

A atriz ganhou visibilidade quando, há mais de uma semana, invadiu o palco do Teatro São Luiz durante a apresentação de "Tudo Sobre a Minha Mãe" para protestar contra a contratação de um ator homem para interpretar uma personagem trans

A atriz trans Keyla Brasil, que invadiu o palco do teatro São Luiz, em Lisboa, durante a apresentação da peça "Tudo Sobre a minha Mãe", está desaparecida há mais de 48 horas. O alerta foi lançado pela Casa-T, casa de acolhimento para pessoas trans estrangeiras, que apela a quem souber alguma informação que entre em contacto com a instituição: “Assim que tivermos notícias da Keyla iremos repassar, mas por enquanto continuamos à procura dela”.

Depois do protesto no São Luiz, a 19 de janeiro, a ativista recebeu várias ameaças, incluindo de morte, como denunciou nas redes sociais. A atriz terá saído de Lisboa precisamente devido às ameaças que estava a receber.

Segundo a publicação da Casa-T, Keyla Brasil foi vista pela última vez a entrar num autocarro em Tábua, nos arredores de Coimbra, em direção a Lisboa.

Keyla Brasil ganhou visibilidade por interromper a peça de teatro "Tudo Sobre a Minha Mãe", e ter gritado contra o "transfake", ou seja, o facto de a personagem trans "Lola" ser representada pelo ator não-trans (ou cisgénero) André Patrício.

A peça “Tudo Sobre a Minha Mãe”, com texto de Samuel Adamson, a partir do filme de Pedro Almodóvar com o mesmo título, e encenação de Daniel Gorjão, uma coprodução Teatro do Vão, Rivoli Teatro Municipal do Porto e São Luiz Teatro Municipal, esteve em cena desde 11 janeiro e até este domingo.

Na sequência do protesto, o encenador Daniel Gorjão anunciou a integração no elenco da atriz trans Maria João Vaz para interpretar o papel de Lola. O elenco já incluía a atriz trans Gaya de Medeiros, no desempenho da personagem Agrado. 

Na sua última publicação nas redes sociais, há dois dias, Keyla Brasil pedia: "Deixe-me existir". No texto, a atriz denunciava diferentes tipos de discriminação que existem em Portugal, não só contra as pessoas trans, e que tornam dura a vida das pessoas discriminadas: "A vida não é uma representação, a especulação imobiliária não é uma representação, é um modelo de escravidão que está deixando a plateia de Portugal desesperada. Gostaria de perguntar para a grande plateia de Portugal: quem vai subir no palco e gritar contra esses alugueis insuportáveis? Que esse momento seja o momento de ocupar o palco da vida e gritar nossas dores".

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