Draghi entrega segunda demissão numa semana. Governo em gestão até novas eleições

António Guimarães , - notícia atualizada às 9:30
21 jul 2022, 08:55
Mario Draghi volta a apresentar demissão (Gregorio Borgia/AP)

Decisão tomada após o governo ter perdido o apoio dos três parceiros de coligação

O primeiro-ministro de Itália voltou esta quinta-feira a pedir a demissão do cargo, depois de ter perdido a maioria parlamentar que sustentava o governo. Em declarações no parlamento italiano, Mario Draghi afirmou que ia comunicar a decisão “em breve” ao presidente, naquela que foi a segunda tentativa de demissão em apenas uma semana. Se à primeira Sergio Mattarella recusou o pedido, à segunda pediu ao chefe do governo que se mantenha num governo de gestão. O presidente quer que Mario Draghi fique à frente do governo nos próximos meses, até que se realizem novas eleições, o que poderá acontecer em outubro, mas ainda não é conhecida a decisão final do primeiro-ministro.

"O presidente da república, Sergio Mattarella, recebeu o presidente do Conselho de Ministros, o professor Mario Draghi, no Palácio do Quirinale, que, após a discussão no Senado, reiterou a sua demissão e do governo a que preside", pode ler-se no comunicado assinado pelo chefe de Estado, que explica ainda que "o governo continua em posse para a gestão dos assuntos correntes".

"Primeiro que tudo quero agradecer a todos", disse Mario Draghi no parlamento, a que se seguiu um longo aplauso da parte dos deputados. Draghi pediu depois que a sessão fosse suspensa para se dirigir de imediato à presidência.

A decisão de Mario Draghi foi comunicada após os três parceiros da coligação governamental terem retirado o apoio ao primeiro-ministro durante uma moção de censura, no Senado, em Roma.

Na primeira vez que se demitiu, Mario Draghi, que tomou posse em fevereiro de 2021, até sobreviveu a uma moção de confiança votada esta quinta-feira no parlamento italiano, mas o facto de o Movimento 5 Estrelas não ter participado na votação (todos os senadores do partido se ausentaram) levou o primeiro-ministro a concluir que o governo perdeu as bases de apoio, mas a recusa do presidente italiano e o apoio "sem precedentes" do povo fizeram-no recuar.

É mais uma crise no executivo italiano, conhecido precisamente por isso. Desde o fim da Segunda Guerra Mundial, Itália teve 69 governos diferentes, com uma média de um ano e onze meses para cada executivo.

Antes de ter sido eleito, Mario Draghi foi presidente do Banco de Itália, entre 2006 e 2011 e do Banco Central Europeu, entre 2011 e 2019.

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