Mario Draghi já não se demite. Apoio "sem precedentes" do povo italiano foi "impossível de ignorar"

Agência Lusa , FMC
20 jul 2022, 10:22
Mario Draghi, primeiro-ministro Itália (Foto: Gregorio Borgia)

Primeiro-ministro italiano ficou comovido com os apelos espontâneos de italianos comuns, feitos nos últimos dias, na sequência da saída do Movimento 5 Estrelas da coligação governamental, e nomeou em particular as petições de presidentes da câmara e de médicos italianos

O primeiro-ministro italiano, Mario Draghi, afastou esta quarta-feira a possibilidade de se demitir, pedindo aos partidos da sua coligação que “reconstruam o pacto de confiança” para salvar o governo, em crise desde a saída do Movimento 5 Estrelas.

“A única solução, se ainda quisermos ficar juntos, é reconstruir esse pacto a partir dos seus alicerces, com coragem, altruísmo e credibilidade”, disse, em discurso ao Senado (câmara alta do parlamento).

“É isso que os italianos nos pedem”, acrescentou, referindo que o apoio popular espontâneo ao seu governo “não tem precedentes e é impossível de ignorar” os apelos para não renunciar ao cargo.

Draghi disse que ficou comovido pelos apelos espontâneos de italianos comuns, feitos nos últimos dias, na sequência da saída do Movimento 5 Estrelas da coligação governamental, na semana passada, e nomeou em particular as petições de presidentes da câmara e de médicos italianos, a quem chamou os “heróis da pandemia”.

No seu discurso feito esta quarta-feira no Senado, Draghi estabeleceu como prioridade a reconstrução “a partir de cima” da maioria necessária para o governo trabalhar com eficácia, mas defendeu também ser necessário criar fundos para recuperação da pandemia na União Europeia e reformas judiciais.

“A necessidade de estabilidade exige que todos nós decidamos se é possível recriar as condições para que o governo possa realmente governar”, disse, admitindo que está disposto a tentar.

O discurso de Mario Draghi antecede a votação de uma moção de confiança, que acontecerá ao final da tarde, quando os deputados se pronunciarão sobre o futuro político de uma larga coligação de “unidade nacional” que inclui partidos de vários espetros políticos, da extrema-direita à esquerda.

Na quinta-feira passada, Draghi apresentou a demissão, no meio de uma crise política desencadeada pela recusa do Movimento 5 Estrelas (M5E, anti-sistema) de participar num voto de confiança ao executivo.

Nesse mesmo dia, o pedido de demissão de Draghi seria rejeitado pelo presidente de Itália, Sergio Mattarella, que remeteu o assunto para o parlamento.

Na terça-feira, Draghi deslocou-se ao Palácio do Quirinal (residência do Presidente da República), para se encontrar com Mattarella e depois regressou à sede do governo, o Palácio de Chigi, para preparar a moção de confiança que será votada hoje no Senado.

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