“Estamos em guerra”: o dia em que Israel acordou com um ataque sem precedentes do grupo Hamas

CNN Portugal , BCE
7 out 2023, 23:34

O conflito entre Israel e Palestina tomou novas proporções este sábado, após um ataque sem precedentes por parte da organização Hamas

Pelo menos 200 israelitas morreram e mais de 1.400 ficaram feridos na sequência do ataque do Hamas contra Israel. Na Palestina, as autoridades registaram pelo menos 232 mortos e mais de 1.600 feridos após a retaliação de Telavive. 

Este é o balanço de um ataque sem precedentes do Hamas contra Israel. "Decidimos dizer basta", declarou o líder do braço armado do grupo, Mohammed al-Deif, numa rara declaração pública, horas após o lançamento de 5.000 rockets a partir da Faixa de Gaza contra o território israelita para dar início à “Operação Tempestade Al-Aqsa”.

Nas primeiras horas deste sábado, vários membros do Hamas infiltraram-se no território israelita e raptaram dezenas de soldados e civis, incluindo mulheres e idosos, para a Faixa de Gaza. De acordo com o grupo, no decurso do ataque, os militares libertaram prisioneiros palestinianos da prisão israelita de Ashkelon (Ascalão).

Israel decretou o estado de alerta e pediu à população para não sair de casa, numa altura em que surgiam vídeos nas redes sociais que mostravam militantes do Hamas a disparar indiscriminadamente sobre civis israelitas.

“Estamos em guerra”

O primeiro-ministro israelita dirigiu-se à população horas depois do ataque para declarar que o país está “em guerra” contra o Hamas, considerado um grupo terrorista por Israel, pelos Estados Unidos e pela União Europeia. “Cidadãos de Israel, estamos em guerra. Não numa operação, não são rondas de combates, é uma guerra”, disse Benjamin Netanyahu, numa declaração transmitida em vídeo, prometendo vingança pelo ataque.

A retaliação de Israel não tardou: o exército deu início à operação "Espadas de Ferro" com bombardeamentos contra várias instalações do Hamas na Faixa de Gaza. 

Perante a retaliação, Saleh al-Arourim, um alto funcionário do Hamas, disse que a milícia está pronta para "o pior cenário, incluindo uma invasão terrestre". Ao final da tarde, o grupo disparou mais 150 rockets contra Telavive em "resposta ao bombardeamento da torre residencial no centro de Gaza" e confirmou ter capturado reféns em Israel, que pretende vir a usar como moeda de troca, para exigir a libertação de prisioneiros palestinianos que se encontram nas prisões israelitas.

"O número de reféns que temos libertará todos os prisioneiros palestinianos das prisões israelitas", afirmou Saleh al-Arourim, num vídeo divulgado no Telegram.

O porta-voz do exército israeita, Daniel Hagari, por sua vez, informou que "não há nenhuma comunidade no sul de Israel" onde não tenham presença. Apesar de já se terem "livrado dos terroristas" em algumas localidades, o porta-voz admitiu que os confrontos continuam noutras zonas. O objetivo de Israel passa agora por "eliminar todos os milicianos que atravessaram a cerca de separação de Gaza com Israel" e que "estão a tentar regressar à Faixa de Gaza".

De Portugal aos EUA, o mundo uniu-se para condenar o ataque do Hamas

Várias figuras políticas portuguesas condenaram o ataque contra Israel. O primeiro-ministro, António Costa, considerou os ataques "inaceitáveis" e deixou uma "palavra de solidariedade" aos familiares das vítimas. Também o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, condenou "veementemente" os ataques lançados pelo Hamas e "enviou ao Presidente Isaac Herzog uma mensagem de condolências e solidariedade para com o povo israelita e as famílias das vítimas".

O presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, condenou "nos termos mais firmes os ataques terroristas lançados pelo Hamas em território de Israel e contra civis". "São atos bárbaros, que nada justifica", escreveu Santos Silva na rede social X (ex-Twitter).

Também o líder do PSD condenou o “terrível ataque das forças do Hamas a Israel” bem como “o reaparecimento do terrorismo mais implacável e desumano”, mostrando-se consternando e solidário com o povo israelita.

A Rússia pediu “contenção” após os ataques e disse estar "em contacto com todas as partes"."Com os israelitas, os palestinianos e os árabes", concretizou o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Mikhail Bogdanov, que também é o enviado do Kremlin para o Médio Oriente e África.

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, também condenou o ataque, defendendo o direito “inquestionável” dos israelitas a defenderem-se. “Notícias horríveis de Israel. Envio as minhas condolências a todos os familiares e amigos das vítimas deste ataque terrorista. Tenhamos fé em que a ordem seja restaurada e os terroristas derrotados”, escreveu o líder ucraniano na sua conta na rede social X.

Do lado dos Estados Unidos, o presidente Joe Biden garantiu estar do lado de Israel perante os "ataques terroristas" do Hamas. "Israel tem o direito de se defender e ao seu povo, ponto final. Nunca há uma justificação para ataques terroristas e o apoio da minha administração à segurança de Israel é sólido e inabalável". 

O presidente norte-americano também fez um aviso aos "inimigos" de Israel: "Este não é o momento para usarem estes ataques para proveito próprio".

Irão felicitou milícias palestinianas pela "orgulhosa" ofensiva

O Irão, por sua vez, manifestou apoio e felicitou as milícias palestinianas pela "orgulhosa" ofensiva contra Israel. "Felicitamos os mujahedines palestinianos por esta operação. Os defensores do templo e os mártires como Qasem Soleimani também estão com estes mujahedines(...) até à libertação da Palestina e de Jerusalém", disse Rahim Safavi, conselheiro do líder supremo iraniano Ali Khamenei.

Safavi referia-se a Soleimani, que foi morto em janeiro de 2020 num ataque dos Estados Unidos no Iraque e era então chefe da Força "Quds" da Guarda Revolucionária Iraniana. "Apoiamos esta operação e temos a certeza de que a Frente de Resistência também a apoia", sublinhou Safavi durante um evento de apoio às crianças e adolescentes palestinianos realizado no Centro Cultural Arsbaran, em Teerão.

A eurodeputada do Bloco de Esquerda Marisa Matias defendeu que parar a guerra em Israel implica acabar com a ocupação do território palestiniano, sublinhando que as vítimas são a consequência dessa ocupação. “As vítimas inocentes dos dois lados são o efeito da ocupação. Parar a guerra implica pôr fim ao 'apartheid' e à ocupação ilegal da Palestina por Israel. Aos palestinianos devemos o respeito do direito à autodeterminação como na Ucrânia ou em Timor, ou não haverá solução para a paz”, escreveu, na sua conta na rede social X.

Conselho de Segurança da ONU reúne-se com "emergência" este domingo

O Brasil, que preside ao Conselho de Segurança da ONU, convocou uma "reunião de emergência" para abordar a escalada de violência entre Israel e os territórios palestinianos.

"Na sua qualidade de presidente do Conselho de Segurança das Nações Unidas, o Brasil vai convocar uma reunião de emergência do órgão", indicou o Ministério dos Negócios Estrangeiros brasileiro num comunicado oficial.

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