Hamas anuncia nova operação contra Israel com lançamento de 5 mil foguetes. Israel está em "estado de prontidão para a guerra”

CNN Portugal , MJC com Lusa - notícia atualizada às 9:45
7 out 2023, 08:28

Além dos foguetes, também militares palestinianos entraram no território israelita. "O Hamas cometeu um grave erro", afirmou o ministro da Defesa de Israel, garantindo: “O estado de Israel vencerá esta guerra”

O líder do braço armado do Hamas, Mohammed al-Deif, afirmou este sábado que o grupo lançou uma nova operação militar contra Israel. Numa rara declaração pública, Mohammed Deif disse que 5 mil foguetes foram disparados contra Israel durante a madrugada, para dar início à "Operação Tempestade Al-Aqsa".

O comandante lamentou que os pedidos do Hamas de “intercâmbios humanitários” tenham sido rejeitados e que “as violações na Cisjordânia continuem todos os dias”. "Decidimos dizer basta", afirmou Deif, apelando a todos os palestinianos para confrontarem Israel. “Hoje, o povo está a recuperar a revolução e a reativar a Marcha do Retorno”, diz, antes de exortar “os árabes em Jerusalém e dentro de Israel, no Negev e na Galileia a atearem fogo à terra sob os pés dos ocupantes”.

"Se tens uma arma, vai buscá-la. Este é o momento de a usarem - saiam com camiões, carros, machados. Hoje começa a melhor e mais honrosa história", apelou.

A mensagem de Deif foi gravada, já que o líder, que sobreviveu a múltiplas tentativas de assassínio por parte de Israel, não faz aparições públicas.

Os disparos, a partir de vários locais da Faixa de Gaza, começaram antes das 6:30 horas locais (4:30 em Lisboa) e continuaram durante quase meia hora. Em Israel, sirenes de alerta soaram em várias cidades.

Militantes do grupo infiltraram-se na cidade israelita de Sderot, onde eclodiu uma batalha com tropas israelitas, bem como na fronteira com Gaza, onde militantes raptaram dezenas de soldados israelitas, mortos e feridos, conforme confirmado pelas Brigadas. Segundo a milícia, os seus membros libertaram prisioneiros palestinianos da prisão israelita de Ashkelon (Ascalão), e, em vídeos divulgados nas redes sociais, também são vistos nas ruas de Gaza com um veículo militar israelita e com o cadáver de um soldado.

O grupo islâmico Jihad Islâmica, também com forte presença e com um braço armado dentro de Gaza, informou que se juntou ao ataque do Hamas:

Fazemos parte desta batalha e os nossos combatentes lutam ao lado dos seus irmãos do Hamas, ombro a ombro, até à vitória", declarou.

Segundo meios de comunicação de Israel, os múltiplos ataques de Gaza apanharam os serviços de inteligência de Israel desprevenidos. No entanto, em resposta, o Exército israelita lançou um ataque contra múltiplos alvos do Hamas na Faixa de Gaza, ainda sem informação disponível sobre a sua extensão exata.

O exército de Israel confirmou  que "um número desconhecido de terroristas" da Faixa de Gaza se infiltrou em território israelita e apelou aos residentes da região para permanecerem em casa. “As Forças de Defesa de Israel defenderão os civis israelitas e a organização terrorista Hamas pagará um preço elevado pelas suas acções”, afirmou.

As Forças de Defesa de Israel afirmam estar em “estado de prontidão para a guerra” em resposta ao ataque surpresa de Gaza. Após uma reunião do gabinete de segurança no quartel-general militar israelita em Tel Aviv, Yoav Gallant, ministro da Defesa de Israel,  afirmou que o Hamas “cometeu um grave erro” ao lançar foguetes contra o sul e centro de Israel. 

"O Hamas cometeu um grave erro esta manhã ao lançar uma guerra contra o Estado de Israel", e os soldados israelitas "estão a combater o inimigo em todos os locais", mas “o estado de Israel vencerá esta guerra”, disse Gallant, citado pelas agências. 

O ministro da defesa aprovou a convocação de reservistas militares e anunciou “uma situação especial de segurança” dentro de Israel, “num raio de zero a 80 quilómetros da Faixa de Gaza”, o que permite que o Exército “forneça instruções de segurança aos civis e feche locais relevantes”.

Até ao momento, a escalada deixou três mortos, um em Israel e dois em Gaza, segundo fontes oficiais, embora estes sejam números provisórios. 

Numa cidade israelita perto de Gaza, “uma mulher com cerca de 60 anos morreu vítima de um impacto direto (de um foguete)”, disse o serviço de emergência israelita, que também relatou 15 feridos, dois em estado grave, seis em estado moderado e sete com ferimentos leves.

Em Gaza, “dois palestinianos foram mortos esta manhã e muitos outros ficaram feridos, alguns gravemente, num bombardeamento israelita a leste do campo de refugiados de Bureij”, no centro do enclave, na sequência de uma troca de tiros entre milícias de Gaza e forças israelitas, indicou a agência de notícias oficial palestina, Wafa. 

“Na expectativa de uma feroz retaliação israelita, todos os tipos de atividades, incluindo escolas e universidades, bem como empresas na Faixa de Gaza, pararam e as pessoas ficaram em casa”, acrescentou.

No entanto, Saleh al Arouri, um alto funcionário do Hamas, também apelou aos palestinianos na Cisjordânia "para travarem esta luta", que descreveu como "uma operação em grande escala destinada a defender a mesquita de Al-Aqsa", em Jerusalém, "e libertar os prisioneiros palestinos".

Este ataque acontece 50 anos depois da guerra do Yom Kippur e após semanas de tensões ao longo da fronteira de Israel com Gaza e de pesados combates na Cisjordânia ocupada por Israel.

Pelo menos 247 palestinianos, 32 israelitas, um ucraniano e um italiano foram mortos desde o início do ano, em atos de violência ligados ao conflito israelo-palestiniano, segundo uma contagem da AFP baseada em fontes oficiais israelitas e palestinianas.

Estas estatísticas incluem combatentes e civis, incluindo menores, do lado palestiniano, e civis, incluindo menores e três membros da minoria árabe, do lado israelita.

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