Israel volta a dizer que não é responsável pelo ataque a hospital, diz que foi a jihad islâmica e acusa o Hamas de inflacionar número de vítimas mortais
As forças armadas israelitas dizem ter provas de que não estão envolvidas no ataque aéreo ao hospital na Faixa de Gaza na terça-feira, onde centenas de palestinianos morreram numa explosão.
De acordo com o porta-voz das forças armadas de Israel Daniel Hagari, uma investigação "confirmou que não houve qualquer disparo das IDF (Forças de Defesa de Israel) a partir de terra, mar ou ar que atingisse o hospital", acrescentando que no momento da explosão as tropas de Israel monitorizaram disparos feitos de Gaza, mais concretamente das traseiras do hospital onde se encontra um cemitério. Além disso, Hagari assegura que foi intercetada uma chamada entre elementos do Hamas em que estariam a falar de “rockets falhados” pela Jihad.
“As provas, que partilhamos com todos vós, confirmam que a explosão num hospital de Gaza foi causada pelo disparo de um rocket falhado da Jihad Islâmica”, afirmou Daniel Hagari em conferência de imprensa nesta quarta-feira.
As forças militares israelitas garantem que não houve ataques diretos ao hospital Al-Ahli al-Arabi e que não se registaram danos estruturais nos edifícios circundantes. Questionado sobre a dimensão da explosão, Hagari revelou que era consistente com o combustível não gasto do rocket que se incendiou. "A maior parte dos danos teria sido causada pelo propulsor, não apenas pela ogiva."
Hagari também acusou o Hamas de inflacionar o número de vítimas da explosão. No entanto, o número de mortos na explosão do hospital é mais elevado de todos os incidentes ocorridos em Gaza durante o atual conflito.
Hagari afirmou ainda que cerca de 450 rockets disparados de Gaza não atingiram os alvos e aterraram no interior da Faixa de Gaza nos últimos 11 dias.
Israel partilha áudio que diz provar que míssil que atingiu hospital foi lançado dentro de Gaza
O Ministério dos Negócios Estrangeiros de Israel partilhou na rede social X, antigo Twitter, o que afirma ser a ligação intercetada entre dois membros do Hamas e na qual estarão a discutir como o Hospital al-Ahli foi atingido por um míssil falhado disparado dentro de Gaza.
“Terroristas do Hamas nas suas próprias vozes: ouça a conversa entre agentes do Hamas enquanto discutem o lançamento fracassado do míssil da Jihad Islâmica no Hospital Al-Ahli Baptist a 17 de outubro de 2023”, escreve o organismo na rede social.
Hamas terrorists in their own voices:
Listen to the conversation between Hamas operatives as they discuss the failed Islamic Jihad rocket launch on the Al-Ahli Baptist Hospital on October 17, 2023 pic.twitter.com/PUUuqE2Imu
— Israel Foreign Ministry (@IsraelMFA) October 18, 2023
O hospital Al-Ahli Arabi é uma unidade de saúde anglicana que presta auxílio e cuidados de saúde à população de Gaza. No dia 14 de outubro, esta unidade de saúde foi atingida por um foguete que acabou por ferir quatro funcionários, segundo um comunicado do Arcebispo da Cantuária, Justin Welby. O líder religioso britânico alertava então que a situação no local está a tornar-se cada vez mais precária e que a evacuação em segurança do hospital era cada vez mais difícil.
Palestina acusa Israel de "crime de guerra"
O porta-voz do Ministério da Saúde palestiniano em Gaza culpou Israel pelo ataque ao hospital e considerou que a explosão foi um "crime de guerra". “Um novo crime de guerra foi cometido pela ocupação no bombardeamento do Hospital Al-Ahli Arabi, no centro da Cidade de Gaza, resultando na chegada de dezenas de mártires e feridos ao Complexo Médico Al-Shifa devido ao bombardeamento. Deve notar-se que o hospital abrigou centenas de pacientes, feridos e pessoas deslocadas de suas casas à força devido aos ataques aéreos.”
Já esta quarta-feira de manhã, o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, condenou o ataque ao hospital. “Estou chocado com as centenas de pessoas mortas no ataque ao hospital al-Ahli em Gaza, que condeno, e apelo a um cessar-fogo humanitário imediato para aliviar o sofrimento humano a que estamos a assistir. Muitas vidas e o destino da região estão em jogo”, disse Guterres, num fórum internacional em Pequim.
Por sua vez, o presidente do Conselho Europeu diz que “é imperativo que todos os factos que rodeiam este incidente sejam minuciosamente investigados e que os responsáveis sejam responsabilizados”.
“Instamos também ao acesso imediato à ajuda humanitária na Faixa de Gaza para prestar assistência.”
Desde o dia 7 de outubro, quando militantes do Hamas conduziram um ataque terrorista contra várias localidades no sul de Israel que vitimou mais de 1.400 pessoas, na sua maioria civis, que o governo israelita declarou a intenção de "aniquilar o Hamas". Desde então, esta guerra já provocou pelo menos três mil mortos e mais de 12.500 feridos.