Líder da IL quer explicações do Governo sobre tratamento de gémeas no Santa Maria

Agência Lusa , FM
6 nov 2023, 18:59
Rui Rocha (Tiago Petinga/Lusa)

Rui Rocha considera que "é obrigação" de António Costa esclarecer o que se passou e se o Governo "teve alguma intervenção" neste caso

O presidente da Iniciativa Liberal desafiou esta segunda-feira o primeiro-ministro a esclarecer se "teve alguma intervenção" no caso das gémeas que vivem no Brasil e receberam um tratamento de quatro milhões de euros no Hospital de Santa Maria, em Lisboa.

Em declarações aos jornalistas no Palácio de Belém, no final de uma audiência com o Presidente da República, Rui Rocha considerou que "é obrigação" de António Costa esclarecer o que se passou e se o Governo "teve alguma intervenção" neste caso.

Ao afirmar que este "tratamento foi decidido não se sabe por quem, porque os médicos envolvidos não se pronunciaram a favor", o líder da IL quer que o primeiro-ministro diga também se "sabe o que se passou" e se "fez algum tipo de diligência adicional para saber o que se passou".

"Há um conjunto de perguntas que ficam ainda sem resposta por parte de quem tinha obrigação de responder. O senhor Presidente da República já partilhou a sua visão desses factos, mas o primeiro-ministro ainda não veio esclarecer os portugueses, e creio que num momento em que estamos com tantas dificuldades de acesso dos portugueses ao sistema nacional de saúde, é mesmo uma obrigação do primeiro-ministro vir esclarecer o que se passou nesse caso", defendeu.

Rui Rocha fez este desafio depois de questionado sobre a resposta do primeiro-ministro ao médico António Sarmento, publicada esta segunda-feira no jornal Público.

Sobre esta matéria, considerou que as palavras de António Costa não passam de "um conjunto de intenções, de números que vão sendo atirados, mas resultados não existem".

"É atirar números e intenções e propaganda para cima dos problemas, sem os resolver", criticou.

O presidente da IL falava no Palácio de Belém, em Lisboa, no fim de uma reunião entre uma delegação do partido e o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que começou esta segunda-feira uma ronda de audiências aos partidos com assento parlamentar centrada no Orçamento do Estado para 2024.

A delegação era composta também pela vice-presidente do partido Ana Vasconcelos Martins, pelo líder parlamentar, Rodrigo Saraiva, e pelo deputado e ex-líder, João Cotrim de Figueiredo.

Rui Rocha anunciou que a IL vai apresentar propostas de alteração ao orçamento para o próximo ano "que têm uma orientação muito clara de pôr Portugal a crescer e a funcionar".

"Apresentaremos uma proposta de descida do IRS extremamente ambiciosa - eu diria a mais ambiciosa a apresentar por qualquer partido neste orçamento - e que tem uma particularidade que é trazer um IRS mais baixo, mais simples e mais justo para todos os portugueses", indicou, explicando que se tratará de "uma taxa única para os rendimentos mais baixos e a classe média".

O presidente da IL defendeu que a proposta do Governo "não é o único orçamento possível, há outros orçamentos possíveis, e um deles é aquele que a IL concretiza através das suas propostas".

Questionado sobre a privatização da Efacec, Rui Rocha disse não ter sido um tema abordado com o Presidente da República, mas salientou a “necessidade absoluta” de constituição de uma comissão parlamentar de inquérito à venda da empresa – já proposta pela IL e pelo Chega.

O liberal indicou também não ter tido “nenhuma conversa” com o líder do PSD sobre o assunto.

A Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS) anunciou esta segunda-feira que abriu um processo de inspeção ao caso das gémeas que vivem no Brasil e receberam um tratamento de quatro milhões de euros no Hospital de Santa Maria, em Lisboa.

Em causa está uma reportagem da TVI, transmitida na sexta-feira, segundo a qual duas gémeas luso-brasileiras vieram a Portugal em 2019 receber o medicamento Zolgensma, - um dos mais caros do mundo - para a atrofia muscular espinhal, que totalizou no conjunto quatro milhões de euros.

Segundo a TVI, há suspeitas de que isso tenha acontecido por influência do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que já negou qualquer interferência no caso.

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