Preços voltam a desacelerar em junho. Inflação caiu para 3,4% no mês passado, registando o valor mais baixo desde janeiro de 2022, antes do início da guerra
A inflação em Portugal voltou a recuar em junho, passando para uma taxa de 3,4%, menos 0,6 pontos percentuais em relação ao registo de maio. Trata-se do valor mais baixo desde janeiro de 2022, ou seja, antes do início da guerra na Ucrânia.
Há oito meses que a taxa de inflação está em descida, depois do pico acima de 10% que foi atingido em outubro do ano passado. Isto não significa que os preços estejam a descer, mas antes a subirem a um ritmo mais lento.
“Esta desaceleração é em parte explicada pelo efeito de base resultante do aumento de preços dos combustíveis verificado em junho de 2022“, justifica o Instituto Nacional de Estatística (INE) na confirmação dos dados que já havia estimado há duas semanas.
Há um ano, os preços dos produtos energéticos dispararam na sequência da invasão russa em território ucraniano e das sanções aplicadas pelo Ocidente contra Moscovo, envolvendo gás e petróleo. Passado esse choque, os preços da energia caíram quase 20% em junho em comparação com o índice registado há um ano, contribuindo para o desagravamento das pressões inflacionistas em Portugal.
Inflação em mínimos de ano e meio
Quanto aos produtos alimentares não transformados, que também sofreram com o impacto da guerra, o índice desacelerou para 8,5% no mês passado, uma baixa de 0,4 pontos percentuais em relação a maio.
Já o indicador de inflação subjacente — que exclui os preços dos alimentos e energia, por serem mais voláteis –, embora tenha descido para 5,3% em junho (menos 0,1 ponto percentual face ao mês anterior), os dados apontam para uma maior resistência na descida.
É para as perspetivas de evolução da inflação core que o Banco Central Europeu (BCE) olha quando determina o rumo das taxas de juro na Zona Euro. No caso de Portugal, o índice harmonizado de preços sem contar com os alimentos e energia fixou-se nos 6,9% em junho, “superior à taxa correspondente para a área do euro (estimada em 6,8%)”, lembra o INE. O banco central tem como meta uma inflação de 2% no médio prazo.
Transportes, habitação, água, luz com preços a caírem
Por classes de despesa, há duas contribuições negativas para a variação homóloga do índice de preços no consumidor registada em junho: a classe dos Transportes, cujo índice de preços registou uma variação de -3,8%, a classe da Habitação, água, eletricidade, gás e outros combustíveis, cujo índice de preços também apresentou uma evolução negativa de cerca de -4% no mês passado.
Outras classes, embora com variações positivas, desaceleraram no mês passado, à exceção da classe Saúde, onde o índice de preços aumentou para 4,9%, “devido ao efeito de base associado ao alargamento dos critérios de isenção de taxas moderadoras no SNS em junho de 2022”, refere o INE.
Na classe dos Restaurantes e hotéis, a desaceleração do índice de preços foi mais evidente, passando de uma taxa de 12,1% para 9,7%.