Shin Bet? Al-Qassam? Kibbutz? Iron Dome? Guia de A a Z para perceber o conflito entre Israel e o Hamas

25 out 2023, 19:00
Faixa de Gaza (AP)

Os nomes e o significado dos locais sagrados, grupos armados, serviços secretos, entre outros, que moldam este confronto no Médio Oriente

É um conflito que se arrasta há décadas no Médio Oriente e ganha agora um novo capítulo. Desde o dia 7 de outubro que Israel e Hamas estão em guerra aberta e a CNN Portugal explica-lhe o significado dos nomes, locais e dos protagonistas deste conflito.

7 de outubro - Dia em que as forças militares do Hamas invadiram o sul do território israelita e tiraram a vida a mais de 1.400 pessoas. A ofensiva sem precedentes aconteceu em pleno Shabat e vitimou centenas de pessoas nas primeiras horas de conflito. Em resposta, o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, prometeu "aniquilar o Hamas" e declarou guerra à organização terrorista.

Al-Nukhba - São comandos navais das Brigadas  Al-Qassam. As forças Al-Nukhba são uma elite militar do Hamas e os seus recrutas - com idades entre os 18 e os 20 - passam um longo e rigoroso treino militar. O salário destes militares é também superior ao dos homens das brigadas Al-Qassam. Estas forças desempenharam um papel fundamental nos ataques terroristas de 7 de outubro, onde lançaram um ataque naval contra o Kibbutz de Zikim. 

Al-Sinwar  – É o atual líder do Hamas. Al-Sinwar esteve preso em Israel e foi condenado a quatro penas de prisão perpétua por ter raptado e morto dois soldados israelitas. Foi libertado em 2011 através de um acordo de troca de prisioneiros com Israel, que levou à libertação de mais de mil prisioneiros. O porta-voz descreveu-o como "um homem morto a andar", depois do ataque de 7 de outubro.

Al-Aqsa – É considerado pelo Islão como o terceiro local mais sagrado, depois de Meca e de Medina. O complexo está no centro da tensão entre israelitas e palestinianos, que lutam pelo controlo de Jerusalém. Dias antes dos eventos que marcaram o início da guerra entre Israel e o Hamas, o ministro da Administração Interna israelita, Itamar Ben-Gvir, visitou o interior da mesquita "para provar a soberania" israelita. Esta visita foi considerada altamente provocatória pelo mundo islâmico. 

Brigadas Al-Qassam - São o braço militar do Hamas. Lideradas por Mohammed Deif, a organização militar é a maior e mais bem equipada que opera na Faixa de Gaza. De 1994 a 2000, as Brigadas Al-Qassam são responsáveis por realizar dezenas de ataques contra Israel.

Benjamin Netanyahu - É o primeiro-ministro israelita e está debaixo de fogo por não ter conseguido antecipar os ataques mais graves contra o país desde a sua formação. As sondagens apontam que 86% dos israelitas culpam-no pelo ataque. Antes disso, viu o seu governo ser contestado pela maior vaga de protestos que o país já viu, devido à reforma do sistema judicial. Desde o atentado terrorista de 7 de outubro, formou um governo de emergência nacional, que junta os líderes da oposição.

Cisjordânia - Território palestiniano sem acesso ao mar sob ocupação israelita desde 1967, que está dividida em 167 enclaves governados pela Autoridade Nacional Palestiniana. Nesta região existem mais de 230 colonatos israelitas, condenados internacionalmente. 

FDI (ou IDF) - Forças de Defesa de Israel. São os militares responsáveis por proteger o Estado de Israel. A organização fundada em 1948 atua por via aérea, terrestre e marítima, e é liderada por Herzi Halevi. São considerados um dos exércitos mais modernos do mundo e, desde o dia do ataque, são também um dos maiores, após 360 mil reservistas terem sido chamados ao ativo. Acredita-se que estes homens irão levar a cabo uma operação terrrestre contra o território da Faixa de Gaza, para tentar destruir o Hamas.

Faixa de Gaza - É um território localizado entre Israel, Egito e o Mar Mediterrâneo e abriga cerca de 2,3 milhões de pessoas em cerca de 365 quilómetros quadrados (área equivalente a um quadrado de cerca de 19 por 19 quilómetros). A área é controlada pelo Hamas desde 2007, no entanto, é Israel quem controla o espaço aéreo sobre Gaza e a sua fronteira, restringindo quem pode entrar e sair. Segundo a ONU, cerca de 80% da população de Gaza depende da ajuda internacional e 1 milhão de pessoas dependem de ajuda alimentar diária.

Governo palestiniano - É um governo provisório estabelecido em 1994 para governar a Faixa de Gaza e a Cisjordânia. Desde as eleições em 2006, o governo perdeu a autoridade política em Gaza para os terroristas do Hamas, que acabaram com as eleições na região.

Hamas – É uma organização islamista fundada durante uma revolta palestiniana em 1987, marcada por manifestações contra a ocupação de Israel. O Hamas passou a controlar a Faixa de Gaza após vencer as eleições parlamentares em 2006, momento em que Israel responde com um bloqueio no território palestiniano, restringindo a circulação de pessoas e bens essenciais. O grupo terrorista defende o estabelecimento de uma Palestina soberana, que subentende o desaparecimento territorial de Israel. 

Hezbollah - É um partido político islâmico xiita e um grupo paramilitar apoiado pelo Irão, que exerce um grande poder no Líbano. O nome significa "partido de Deus" e é liderado por Hassan Nasrallah, desde 1992. O Hezbollah, ainda que considerado por muitos como uma ameaça à estabilidade do país, continua popular entre a comunidade xiita libanesa. Converge com o Hamas no desejo de destruir de Israel, mas diverge dele apoiando o ditador sírio Bashar al Assad.

Hospital de Al-Ahli - Este hospital anglicano, situado no centro da cidade de Gaza, foi atingida por um explosivo na noite de 17 de outubro. Inicialmente, as autoridades do Hamas apressaram-se a culpar Israel e dizer que 500 pessoas perderam a vida. Estas acusações foram prontamente rejeitadas por Israel, que culpou o ataque num lançamento falhado de um foguete da Jihad Islâmica Palestiniana. 

Irmandade Muçulmana - Também conhecido como Sociedade dos Irmãos Muçulmanos, este grupo islâmico radical com quase cem anos de história. Os seus objetivos passam por implementar as leis islâmicas da Sharia, rejeitando qualquer tipo de influência ocidental. 

Intifada - A Intifada, ou guerra das pedras, foi o levantamento popular contra Israel que teve início a 9 de dezembro de 1987 no campo de refugiados de Jabaliya, no norte da Faixa de Gaza. Um acidente esteve na origem da rebelião contra a ocupação israelita que já durava há 20 anos.   A 13 de setembro, na sequência dos Acordos de Oslo, termina a Intifada que deixa um lastro de sangue: 1962 mortos palestinianos e 277 israelitas; mais de 70 mil feridos palestinianos, 20 mil presos e 40 por cento da Faixa de Gaza ocupada por colonatos.

Iron Dome - Também conhecido como "cúpula de ferro", em português, é um sistema de defesa antiaérea criado para áreas densamente urbanizadas. Foi desenvolvido pela Rafael Advanced Defense Systems, em 2011, em estreita colaboração com consórcio americano, e foi concebido para ser capaz de interceptar munições lançadas por sistemas desde 4 a 70 quilómetros de distância. Tem funcionado com excecional eficácia, no entanto, no mais recente ataque do Hamas, este sistema foi sobrecarregado pelo elevado número de disparos e deixou passar dezenas de foguetes.

Jihad Islâmica Palestiniana - É o segundo maior grupo armado na Faixa de Gaza. Fundado por Fathi Abd al-Aziz al-Shikaki, em 1981, é considerada uma das fações armadas palestinianas mais extremistas. A Jihad Islâmica Palestiniana recusa qualquer acordo de paz e tem como único objetivo estabelecer um Estado islâmico em Israel, na Cisjordânia e em Gaza.

JDAM - É um sistema, desenvolvido pela Força Aérea e a Marinha dos EUA que converte bombas não-guiadas em munições guiadas, também conhecidas como "bombas inteligentes". Este armamento é guiado por uma plataforma inércial em conjunto com um sistema GPS, dando-lhes precisão e um alcance de até 28 quilómetros.

Kibbutz -  Significa "reunião" ou "grupo coletivo" e é o nome dado a comunidades israelitas agrícolas. Começaram como uma experiência agrária quase utópica, no início do século XX. O ataque terrorista do Hamas. no dia 7 de outubro, teve como alvo algumas destas comunidades localizadas na região da fronteira com Gaza. Saiba mais aqui.

Knesset - É o parlamento de Israel e constitui o poder legislativo do Estado do país. O atual edifício do parlamento, sediado em Jerusalém, foi erguido em 1957 e financiado por James Rothschild, como uma doação ao Estado. O Knesset é constituído por 120 membros parlamentares e cabe-lhe a ele eleger o governo e o presidente do país.

Passagem de Rafah - É a passagem fronteiriça entre a Faixa de Gaza e o Egito. Esta entrada tem sido crucial para a entrada de ajuda humanitária na região, depois de Israel anunciar um cerco total à Faixa de Gaza.

Music Festival for Peace - É o nome de um evento de música ao ar livre que decorria a cerca de 3 quilómetros da fronteira entre a Faixa de Gaza e Israel. Conhecido por apelar à união entre comunidades e promover a paz e as relações pacíficas, este evento acabou por se tornar um dos principais alvos do Hamas, que rapidamente o transformou num cenário de guerra. O festival foi interrompido pelo soar das sirenes, seguidas dos disparos que tiraram a vida a centenas de festivaleiros.

Mossad - São os serviços secretos israelitas que atuam fora do país. Formado em 1949, o Serviço de Informações e Operações Especiais do Estado de Israel, como é conhecido, foi criado para ser coordenar operações de espionagem. É considerado o serviço secreto mais eficiente do mundo, embora tenha sido alvo de críticas ao não conseguir antever o ataque do Hamas a 7 de outubro. 

Shin Bet – A missão do Shin Bet não é muito diferente da da Mossad, no entanto, o seu foco é estritamente a segurança interna. A sua missão é proteger o território israelita, bem como a defesa de algumas das principais figuras do Estado judaico. O seu líder admitiu que a sua organização não foi capaz de reunir informação suficiente para travar o ataque do Hamas no início de outubro.

Shabat – "Sábado de paz”, em português, é o dia sagrado para os judeus. Acontece todos os sábados e representa o período de descanso e renovação espiritual. Aqueles que o comemoram seguem determinadas regras: não trabalham, não conduzem, não cozinham, entre outras práticas diárias habituais. O dia é inteiramente dedicado à desconexão total da correria do mundo. 

"Metro de Gaza" - É uma rede subterrânea que agrega vários túneis que servem ​​para transportar pessoas e mercadorias. É também utilizado para armazenar foguetes e serve como esconderijo de munições. Abriga centros de controlo do Hamas, que afirmou ter construído, em 2021, cerca 500 quilómetros de túneis sob Gaza, longe da visão das Força de Defesa de Israel.

Yoav Gallant - É o ministro da Defesa israelita e o homem responsável pela reação militar de Israel ao ataque do Hamas. Com uma longa carreira militar, Gallant é o cérebro por detrás da ofensiva israelita contra o grupo terrorista palestiniano. “Esta deve ser a última guerra em Gaza. Pela simples razão de que não haverá mais Hamas”, garante o ministro. 

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