Netanyahu tem de "pegar ou largar", o medo do "conflito direto com Rússia" e o incondenável Trump que pode "levar a cadeia para a Casa Branca"

2 jun, 22:46

O impasse em que Joe Biden colocou Benjamin Netanyahu, a luz verde da Casa Branca para que o armamento norte-americano cedido à Ucrânia possa ser empregue em território russo e a condenação de Donald Trump, foram o principais temas analisados por Paulo Portas, no comentário Global

A última semana foi particularmente ativa para os Estados Unidos. De Israel à Ucrânia, passando pela condenação de Donald Trump, as decisões da Administração Biden e do tribunal de Manhattan marcaram a agenda mediática e foram precisamente estes os temas que mereceram maior tempo de análise no espaço de comentário de Paulo Portas - Global - no Jornal Nacional da TVI. 

Paulo Portas acredita que Joe Biden colocou o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, numa situação de "pegar ou largar" ao avançar com uma proposta de cessar-fogo. Netanyahu terá agora a "obrigação de escolher entre os seus sócios moderados ou ficar nas mãos dos ultraortodoxos", explica o comentador, lembrando que "Biden não pode ter esta guerra aberta nas eleições norte-americanas e Netanyahu só quer esta guerra aberta para não ter de ir a eleições e perdê-las".

"Acho que é pegar ou largar e a experiência política de Biden, que são mais de 46 anos levou-o a exteriorizar o trabalho que os diplomatas estavam a fazer quando ouviu o conselheiro de Netanyahu a dizer que a guerra provavelmente se prolongaria até ao fim do ano", resume.

O antigo ministro da Defesa realça ainda que, em termos operacionais, "não há justificação racional para a continuação dos danos e da tragédia da população civil".

Depois de mais de uma dezena de países ocidentais ter anunciado publicamente que não se opunha à utilização do armamento cedido à Ucrânia em solo da Rússia, a Casa Branca cedeu e deu luz verde a esta intenção, mesmo depois de, repetidamente ter dito que "desencorajava e não autorizava esta prática". 

“A questão é mais complexa do que se pensa e não vale a pena fazer demagogia”, garante Paulo Portas, que entende que "os EUA têm tentado, em particular a Administração Biden, apoiar a Ucrânia sem escalar um conflito direto com a Rússia que é a maior potência nuclear do mundo".

Partindo desse mesmo pressuposto, o sim norte-americano tem, no entanto, algumas condições: "Apenas pode ser usado certo tipo de armas, pode ser usado somente como ação defensiva e só pode ser usado naquela região [norte e junto à fronteira]", explica Paulo Portas, referindo que "isto permitirá aos ucranianos equilibrar um bocado a situação em que se encontram no norte e nesse sentido é um avanço para eles".

Quanto à condenação de Donald Trump no caso em que era acusado de pagar pelo silêncio da atriz pornográfica Stormy Daniels, Portas lembra que este "não é o mais importante de todos, mas é a primeira vez que um ex-presidente americano vai ser candidato a presidente com uma condenação dura".

"Há uma coisa que é indiscutível, ele que dizia de forma bastante arrogante: Nunca serei condenado na América, porque achava que tinha poder mediático imenso, acabou por ser condenado num dos vários casos e neste porque não conseguiu adiá-lo", explica.

O comentador da TVI enumera ainda uma lista de perguntas e repostas que acreditam que possam ser as dúvidas de algumas pessoas quanto a este processo:

  • Pode ser preso? É possível, mas não é provável
  • Pode apelar? Pode, há duas instâncias para onde poderá apelar
  • Pode perdoar-se a si próprio se for eleito? Não, porque este crime não é federal, mas sim do estado de Nova Iorque
  • Depois a pergunta para a qual ninguém tem respostas: pode ser eleito, estar preso e exercer a presidência a partir da cadeia?

Para a última pergunta, Paulo Portas teoriza: "Ou a cadeia vai para a Casa Branca ou a Casa Branca vai para a cadeia".

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