Há uma solução teórica de um alto responsável da NATO que está a gerar a prática de indignação na Ucrânia

CNN Portugal , BC - atualizada às 18:00
16 ago 2023, 14:58
Zelensky e Stoltenberg em conferência de imprensa conjunta em Vilnius, na cimeira da NATO

A reação ucraniana é contundente: "Trocar território pelo chapéu de chuva da NATO? É ridículo"

O chefe de gabinete do secretário-geral da NATO, Stian Jenssen, sugeriu que a Ucrânia ceda território à Rússia em troca do fim da guerra e da adesão à Aliança Atlântica. Num evento na Noruega, terça-feira, Jenssen salientou que qualquer acordo de paz tem de ser aceite por Kiev, mas admitiu que os membros da NATO têm discutido como é possível colocar um ponto final na invasão russa. 

"Julgo que uma solução podia ser a Ucrânia ceder território e receber a adesão à NATO em troca", afirmou o chefe de gabinete de Jens Stoltenberg, citado pelo The Guardian. Jenssen revelou ainda que o estatuto da Ucrânia num eventual pós-guerra também tem sido debatido nos círculos diplomáticos.

O alto responsável da NATO frisou também que estava meramente a propor uma solução teórica e que os termos de um acordo de paz têm de ser naturalmente acolhidos por Kiev, remetendo a audiência para a posição oficial da NATO. A Aliança Atlântica tem afirmado que nenhum acordo com a Rússia deve ser alcançado sem ter o aval ucraniano. "Não estou a dizer que tem de ser assim. Mas poderá ser uma solução possível." 

A presidência ucraniana não gostou do discurso de Jenssen, muito próximo do secretário-geral da NATO, e menos ainda que este tenha tido a ousadia de verbalizar em público esta sugestão. Mykhailo Podolyak, conselheiro de Volodymyr Zelensky, foi contundente: "Trocar território pelo chapéu de chuva da NATO? É ridículo", afirmou. "Significa escolher deliberadamente a derrota da democracia, encorajando um criminoso global, preservando o regime russo, destruindo a lei internacional e passando a guerra às próximas gerações", sublinhou Podolyak, numa publicação divulgada na rede social X (antigo Twitter).

O conselheiro do presidente da Ucrânia pediu ainda uma derrota pesada para Moscovo, referindo que se o regime russo não mudar e se os criminosos de guerra não forem punidos, "a guerra regressará, definitivamente, com o apetite da Rússia por mais".

Na noite de terça-feira, a NATO divulgou um comunicado com o objetivo de acalmar os ânimos: "Continuaremos a apoiar a Ucrânia por quanto tempo for necessário e estamos comprometidos com alcançar uma paz justa e duradoura", esclareceu um porta-voz. "A posição da Aliança é clara e não mudou", acrescentou ainda a mesma fonte. 

Já esta quarta-feira, um porta-voz da NATO repetiu a posição da Aliança Atlântica e o próprio Jenssen admitiu que foi uma falha falar daquela maneira num fórum político. Em entrevista ao jornal norueguês que inicialmente noticiou os seus comentários, o chefe de gabinete de Stoltenberg reconheceu que o seu comentário "foi um erro" e que "não deveria ter falado daquela forma".

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