Como Rússia e Coreia do Norte estão a beneficiar ao contornar uma regra da ONU

2 mai, 17:45
Kim Jong-un, líder da Coreia do Norte, encontra-se com Vladimir Putin, presidente da Rússia (EPA)

Estados Unidos acusam Moscovo de enviar barris de petróleo para lá daquilo que foi imposto como limite pelas Nações Unidas

A Rússia tem estado a enviar discretamente petróleo refinado para a Coreia do Norte, sendo que o está a fazer em níveis que violam o tecto imposto pelo Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU).

Disso mesmo deu conta a Casa Branca, que falou à agência Reuters sobre este cenário, sugerindo que novas sanções podem resultar e evitar que a situação prossiga, até porque dá margem a Moscovo para contornar as sanções aplicadas pelo Ocidente, e que também visam o petróleo, numa altura em que a Ucrânia também tenta atingir militarmente a produção russa.

Trata-se, portanto, de um negócio que beneficia dois países alvo de sanções: a Rússia consegue escoar o petróleo que acumula e a Coreia do Norte obtém mais petróleo do que aquilo que está previsto.

Uma informação que surge no dia seguinte à dissolução de um painel de peritos da ONU que era responsável pela aplicação de sanções à Coreia do Norte por causa dos programas de armas nucleares e de mísseis. Um programa que caiu devido a um veto russo no Conselho de Segurança.

“Ao mesmo tempo que vetou a renovação do painel, a Rússia tem enviado petróleo refinado a partir do porto de Vostochny para a Coreia do Norte”, confirmou o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, John Kirby.

Isto apesar das tais sanções das Nações Unidas, que limitaram a importação de petróleo por parte da Coreia do Norte a 500 mil barris de produtos refinados por ano.

Segundo John Kirby, só até março deste ano já foram enviados 165 mil barris de petróleo refinado da Rússia para a Coreia do Norte. O responsável também destacou que, dada a proximidade dos dois países (o extremo oriental da Rússia fica relativamente perto da Coreia do Norte) Moscovo pode enviar petróleo para Pyongyang indefinidamente.

O que os Estados Unidos acreditam é que o bloqueio russo à renovação das sanções da ONU serve perfeitamente para este desiderato. Terá sido um movimento calculado, acredita a Casa Branca, para dar vazão ao petróleo russo que deixou de poder ir para outros países, nomeadamente no Ocidente.

Apesar desta barreira, John Kirby garantiu que os Estados Unidos vão continuar a impor sanções “contra aqueles que trabalham para facilitar a transferência de armas e petróleo refinado entre a Rússia e a Coreia do Norte.”

“Já trabalhámos antes para coordenar sanções autónomas com os nossos parceiros, incluindo a Austrália, a União Europeia, o Japão, a Nova Zelândia, a Coreia do Sul e o Reino Unido, e vamos continuar a fazê-lo”, garantiu.

Em março deste ano, por exemplo, Estados Unidos e Coreia do Sul criaram uma task force com o objetivo de impedir a Coreia do Norte de conseguir petróleo de forma ilícita. Ao mesmo tempo Washington D. C. tem acusado Pyongyang de transferir armas para a Rússia utilizar na guerra contra a Ucrânia – os destroços de um míssil que atingiu Kharkiv a 2 de janeiro eram de um míssil balístico de fabrico norte-coreano, um Hwasong-11.

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