"Como consegue dormir à noite?", perguntaram ao porta-voz do Kremlin. Que respondeu - e depois admitiu uma "tragédia" sobre as tropas russas

7 abr 2022, 18:50
Dmitry Peskov, porta-voz do Kremlin (AP)

Dmitry Peskov assumiu "perdas significativas" de militares russos em combate

As tropas russas não cometeram crimes de guerra na Ucrânia, não atacaram civis, nunca bombardearam hospitais ou escolas e o que se passou em Bucha não passou de uma encenação, garantiu o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, em entrevista à televisão britânica Sky News.

Para o Kremlin é tudo "falso", "fabricado" ou "uma conspiração", mesmo que não apresente qualquer prova para sua defesa, apenas palavras - como dizer que "foram fabricadas e são falsas" as imagens de Bucha que correram mundo, com dezenas de corpos nas ruas, muitos com sinais de tortura, como as mãos amarradas atrás das costas, 

"Tem noção de quão grotesco isso soa?", questionou o jornalista da Sky, Mark Austin. "É uma farsa arrojada e estamos a alertar para isso há alguns dias, mas ninguém nos dá ouvidos", respondeu Peskov, para quem o Kremlin tem dado "explicações detalhadas" sobre o assunto.

"Como consegue dormir à noite?", insistiu o jornalista, referindo-se às atrocidades cometidas na Ucrânia. Peskov disse que o problema não era sobre o seu sono e sim sobre o facto de "os militares ucranianos usarem civis como escudo".

"Eles estão a rodear-se de civis e não os deixam sair das cidades", alegou, garantindo que as tropas russas "nunca bombardearam alvos civis" e que têm apenas visado infraestruturas militares com recurso "a mísseis de alta precisão". 

É o que está a acontecer em Mariupol, apontou Peskov, reiterando que o bombardeamento da maternidade e hospital pediátrico também foi "falso". "Mariupol será libertada dos batalhões nacionalistas e esperamos que isso aconteça mais cedo ou mais tarde."

Perante todos os cenários de crimes de guerra que estão em cima da mesa, o porta-voz do Kremlin assegurou que Vladimir Putin "não tem" medo de ser preso e "não acredita que tal possa acontecer".

Além disso, sublinhou Peskov, a Rússia nem sequer reconhece o Tribunal Penal Internacional e que "não é o único país do mundo a fazê-lo". "Estamos interessados ​​numa investigação realmente independente e objetiva de todos os crimes. Mas queremos perceber qual será o formato de tal investigação porque temos uma má experiência com as investigações internacionais", justificou.

O porta-voz da Rússia assumiu ainda "perdas significativas" em combate. "Temos perdas significativas de tropas. E é uma grande tragédia para nós."

Acompanha a Guerra na Ucrânia AO MINUTO em CNN Portugal.

Relacionados

Europa

Mais Europa

Patrocinados