"Línguas puxadas, mulheres violadas à frente de crianças, cortaram membros, cortaram gargantas, tudo por prazer": Zelensky descreveu na ONU o massacre de Bucha

5 abr 2022, 16:39
Zelensky dirige-se ao Conselho de Segurança da ONU (Spencer Platt/Getty Images)

Entre críticas à falta de ação das Nações Unidas, o presidente ucraniano diz que os militares russos atiraram pessoas para poços, entraram em apartamentos, utilizaram granadas para explodir casas, esmagaram civis com tanques no meio da rua, “tudo por prazer”

Volodymyr Zelensky descreveu as atrocidades que terão sido cometidas pelo exército russo na Ucrânia, nomeadamente na cidade de Bucha, onde dezenas de corpos foram encontrados nos últimos dias, muitos deles de civis. Comparando os militares ao serviço da Rússia com o Daesh, o presidente da Ucrânia, em declarações no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), revelou que tinha acabado de regressar de Bucha, onde “não houve um único crime que os russos não tenham cometido”.

“O exército russo procurou e matou propositadamente todos aqueles que estavam ao serviço do nosso país. Alvejaram e mataram mulheres à porta das suas casas quando elas tentavam ligar a alguém que estivesse vivo, mataram famílias inteiras, adultos e crianças e tentaram incendiar os seus corpos”, disse, afirmando que as ações das tropas russas “não são diferentes das de grupos terroristas como o Daesh”.

Falando em “nome do povo”, Zelensky lembrou a memória dos civis “alvejados na nuca depois de dias de tortura”, alguns deles mortos na rua, como se comprovou pelas imagens que surgiram, com o exército ucraniano a recolher corpos nas estradas da cidade que fica a poucos quilómetros da capital Kiev.

Segundo o presidente ucraniano, os militares russos atiraram pessoas para poços, entraram em apartamentos, utilizaram granadas para explodir casas, esmagaram civis com tanques no meio da rua, “tudo por prazer”.

“Cortaram membros, cortaram gargantas. Mulheres foram violadas e mortas em frente às suas crianças. As suas línguas foram puxadas só porque os agressores não os queriam ouvir”, acrescentou.

E Zelensky diz que isso não vai parar por Bucha: “A geografia pode ser diferente, mas a crueldade é a mesma. Os crimes são os mesmos e a responsabilidade deve ser inevitável”.

Minutos de descrição de atrocidades que culminaram em novos pedidos: “Onde está a paz? Onde estão as garantias que a ONU tem de garantir?”, perguntou, falando nos “crimes de guerra mais terríveis desde a Segunda Guerra Mundial” e lembrando que um dos principais princípios da ONU é “manter a paz e assegurar que a paz é feita.

Sobre as alegações russas de que as imagens em Bucha podem ter sido encenadas, Zelensky deixou uma mensagem: “Eles vão sempre culpar alguém para justificarem as suas ações. Até vão dizer que os corpos foram alegadamente atirados e que os detalhes foram encenados”.

“Mas é 2022. Temos provas conclusivas. Temos imagens de satélite. Podemos conduzir uma investigação plena e transparente”, referiu, antes de novo ataque à ONU. É que o presidente ucraniano lembra que a Rússia faz parte do Conselho de Segurança, onde é membro permanente, e por isso tem direito de veto, direito que Zelensky diz estar a transformar-se num “direito a morrer”.

As imagens que chegaram de Bucha são mais um ponto crucial numa guerra que já dura há mais de 40 dias. Depois das atrocidades em Mariupol, cidade que já está destruída a 90%, este é mais um episódio que abre a possibilidade de crimes de guerra na Ucrânia.

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