Barcos futurísticos, novos drones e uma adaptação do Leopard 1: as cinco armas de ponta que a Ucrânia vai receber dos aliados europeus

21 mar, 14:03
Ucrânia (Getty)

Armas chegam sobretudo da Bélgica, da Alemanha e da Finlândia, existindo ainda uma inciativa conjunta na qual Portugal está incluído

Enquanto o Congresso dos Estados Unidos mantém o impasse quanto ao novo pacote de ajuda à Ucrânia, nos últimos dias Bélgica, Alemanha e Finlândia anunciaram que vão enviar para Kiev uma nova remessa de mais valias bélicas.

Apesar de ser pouco provável que os novos pacotes mudem o curso da guerra, o jornal ucraniano The Kyiv Independent compilou uma lista de cinco destaques altamente essenciais para o esforço ucraniano.

Caçadores de minas (minehunters)

Os caçadores de minas utilizam um sofisticado sistema de sonares e são capazes de detetar e neutralizar minas marítimas. São utilizados pelas forças da NATO desde 1985.

Esta oferenda dirigida à Marinha da Ucrânia – que vai ter especial uso prático no Mar Negro, onde o número de minas navais russas ativas pode chegar às 500 – foi anunciada pela ministra da Defesa da Bélgica, Ludivine Dedonder, que garantiu que vão ser enviados três caçadores de minas da classe Tripartite, originalmente desenvolvidos como um projeto naval conjunto entre Bélgica, França e Países Baixos.

Caçadores de minas da Estónia, dos Países Baixos, da Noruega e da Alemanha num exercício da NATO em 2014 (foto AP)

Além da capacidade de neutralizar minas, estas embarcações estão equipadas com um canhão de 20 milímetros.

Regra geral, os caçadores de minas são operados por uma tripulação com mais de 40 pessoas, mas não são os conhecidos varredores de minas (minesweepers) – navios de guerra particularmente equipados para a finalidade de remover ou detonar múltiplas minas navais em grandes áreas.

Os caçadores de minas são menores do que os varredores e mais flexíveis, sendo tendencialmente utilizados para neutralizar minas individuais e com capacidade operacional em águas mais rasas.

Wisent 1

O Wisent 1 é uma adaptação do blindado alemão Leopard 1 (que também já foi enviado pelo Ocidente) capaz de realizar várias funções.

Esta diversidade modular significa que Wisent 1 pode ser adaptado como veículo blindado de recuperação, blindado de engenharia ou blindado de remoção de minas.

Wisent 1, um Leopard 1 adaptado para a desminagem de terrenos (foto Getty)

Este novo blindado, ao que apontam os relatos até agora feitos, deve ser enviado pela Alemanha. Ao que tudo indica, Berlim vai enviar quatro versões de removedores de minas que têm como propósito desminar terreno armadilhado das linhas defensivas russas no leste e sul da Ucrânia.

Na prática, e de modo resumido, o Wisent 1 simplesmente atravessa campos de minas com o arado no solo e espera que os engenhos expludam, contando com a blindagem da NATO STANAG 4569 Nível 5, capaz de proteger a tripulação no interior.

Drones de reconhecimento vectorial

São eficazes à noite e podem voar sob condições meteorológicas adversas graças ao sensores eletro-óticos e infravermelhos com que estão equipados. Estes drones de reconhecimento vectorial possuem ainda capacidades de inteligência artificial que lhes permitem reconhecer objetos específicos - como tanques ou batalhões russos e relatá-los instantaneamente ao operador.

Drones de reconhecimento vectorial dos Quantum Systems numa exposição em Nuremberga, em 2022 (foto Getty)

“O design robusto torna-os adequados para operações em ambientes severos e condições climáticas extremas”, explica a Quantum Systems, fabricante destes drones com tecnologia de ponta.

Pelo menos 10 drones de reconhecimento vectorial vão chegar às tropas de Kiev através do pacote de apoio da Alemanha.

Barcos finlandeses

Mais afastados dos holofotes mediáticos tem estado o pacote de apoio à Ucrânia da Finlândia. Enquanto Bélgica e Alemanha se focam no ar e no terreno, os finlandeses apostam no mar. Helsínquia vai enviar barcos de combate de última geração, através da Roménia, mas sem especificar a quantidade de exemplares.

Tal como já aconteceu anteriormente, novo equipamento significa novas formações e a Finlândia já garantiu que as tripulações ucranianas vão recebê-la.

Watercat M18 AMC da Marine Alutech, embarcação de combate da classe Jehu (foto Marine Alutech)

Helsínquia também não especificou os modelos que vão ser enviados para a Marinha ucraniana, mas os relatórios divulgados até ao momento apontam para embarcações de desembarque das classes Jehu e Uisko.

Estes barcos de desembarque da classe Jehu são embarcações modernas e de alta velocidade, direcionados para a realização de patrulhas, escoltas, transporte de tropas, evacuação médica e desembarque. Têm cerca de 20 metros de comprimento, são capazes de transportar 26 soldados e até cinco tripulantes.

Watercat M18 AMC tem cerca de 20 metros de comprimento (foto Marine Alutech)

Em termos de armamento e capacidade de responder a ataques, os Jehu estão levemente armados com uma metralhadora e um lançador de granadas.

Já os Uisko foram essencialmente projetados para transportar tropas para terra, com uma capacidade para 24 soldados. O design, apesar de mais moderno, não difere muito do das embarcações utilizadas para transportar os soldados dos aliados para as praias da Normandia, no dia D.

Munições de artilharia

Não é glamoroso, excitante ou apelativo, mas é provavelmente aquilo de que a Ucrânia mais precisa neste momento: munições de artilharia, mais precisamente o projétil de artilharia de 155 mm, o padrão da NATO.

Perante o bloqueio norte-americano, os países europeus aceleraram os motores da indústria de armamento e está em curso uma iniciativa liderada pela Chéquia, na qual Portugal está incluído, para fornecer à Ucrânia centenas de milhares de obuses de artilharia.

Além disso, o novo pacote da Alemanha inclui 10 mil projéteis, tal como a Bélgica, que também prometeu 373,1 milhões de euros em munições.

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