UE faz apelo: "os africanos que tentam sair da Ucrânia devem ter as mesmas oportunidades para regressarem aos países de origem"

Agência Lusa , BCE
2 mar 2022, 12:34
Crise migratória na fronteira da Polónia com a Bielorrússia (ASSOCIATED PRESS)

Numa altura em que surgem vários relatos de discriminação por parte das autoridades fronteiriças face aos africanos que querem sair da Ucrânia, o chefe da diplomacia europeia disse estar “grato aos esforços do Governo da Ucrânia nesta frente”

O chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Josep Borrell, instou esta quarta-feira as autoridades fronteiriças a darem “iguais oportunidades” aos africanos que tentam sair da Ucrânia, após a invasão russa, para poderem regressar aos países de origem “em segurança”.

“A mensagem de Dmytro Kuleba [ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia] é clara e precisa: os africanos que tentam sair da Ucrânia devem ter acesso às mesmas oportunidades para regressarem aos seus países de origem em segurança”, escreveu Josep Borrell, numa publicação na rede social Twitter.

Numa altura em que surgem vários relatos de discriminação por parte das autoridades fronteiriças face aos africanos que querem sair da Ucrânia, o Alto Representante da UE para a Política Externa adiantou estar “grato aos esforços do Governo da Ucrânia nesta frente”.

Hora antes, o ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, Dmytro Kuleba, afirmou também no Twitter que “a invasão russa da Ucrânia tem afetado os ucranianos e os não residentes de muitas formas devastadoras”.

“Os africanos que procuram sair [do país] são nossos amigos e devem ter as mesmas oportunidades para regressarem aos seus países de origem”, pelo que “o Governo da Ucrânia não se poupará a esforços para resolver o problema”, adiantou Dmytro Kuleba.

À semelhança de centenas de milhares de pessoas, muitos africanos - na sua maioria estudantes - estão a tentar fugir da Ucrânia para os países vizinhos, incluindo a Polónia, mas a enfrentar um tratamento discriminatório nas estradas e nas fronteiras ucranianas, de acordo com várias organizações não-governamentais.

O número crescente de acusações de comportamento racista por parte das autoridades ucranianas, sobretudo, mas também polacas, levou o Governo nigeriano a instar na segunda-feira as autoridades aduaneiras da Ucrânia e dos países vizinhos a tratarem os seus cidadãos "com dignidade".

Também na segunda-feira, a União Africana classificou como “chocantemente racista” que cidadãos africanos sejam impedidos de fugir do conflito na Ucrânia, apelando a todos os países que respeitem a lei internacional e apoiem quem foge da guerra, independentemente da sua raça.

O número de refugiados da Ucrânia para países vizinhos atingiu as 836 mil pessoas, de acordo com o mais recente balanço do Alto-Comissariado da ONU para os Refugiados, divulgado nesta quarta-feira.

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