2.011.312: um número que expõe um dos impactos brutais da guerra na Ucrânia (e atenção às crianças desacompanhadas)

CNN Portugal , MJC
8 mar 2022, 18:44
Refugiados da Ucrânia (AP/Darko Vojinovic)

Guerra já fez mais de dois milhões de refugiados. Estima-se que metade sejam crianças, muitas desacompanhadas - o que as torna vulneráveis a redes criminosas

São mais de dois milhões os refugiados que saíram da Ucrânia desde o início da guerra, a 24 de fevereiro. De acordo com os dados atualizados diariamente pelo ACNUR - Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados, mais de metade dos refugiados (1,204 milhões) seguiu para a Polónia.

Além da Polónia, também a Hungria (mais de 191 mil), a Eslováquia (140 mil), a Moldova e a Roménia (82 mil) concentram muitos dos refugiados, enquanto 103.000 viajaram para outros países na Europa, segundo a agência especializada das Nações Unidas.

Segundo Ylva Johansson, comissária dos Assuntos Internos da União Europeia, isto significa que desde o início da invasão já entraram no espaço comunitário “o mesmo número de refugiados que a UE recebeu no cômputo de 2015 e 2016”, período marcado por uma crise migratória, sobretudo com origem na Síria. 

Intervindo num debate no Parlamento Europeu, em Estrasburgo (França), sobre a deterioração da situação dos refugiados como consequência da agressão russa contra a Ucrânia, admitiu que não se sabe ao certo quantas crianças já saíram da Ucrânia mas estimou que perto de metade dos dois milhões de refugiados sejam crianças, sendo que há muitas desacompanhadas, o que as torna muito vulneráveis e de alto risco de serem vítimas de redes criminosas, designadamente para tráfico de seres humanos.

“É nosso dever proteger estas crianças. Temos de fazer ainda mais. Elas precisam do nosso apoio porque isto não vai acabar em breve. [Vladimir] Putin está a conduzir guerra sem contenção, sem remorsos, sem piedade. O pior está para vir. Milhões mais vão fugir e nós temos de os receber. É um grande teste, mas poderemos superá-lo se mantivermos a mesma solidariedade a que temos assistido até agora”, concluiu.

O número de pessoas que têm fugido da Ucrânia desde que a Rússia invadiu o território, a 24 de fevereiro, já ultrapassou todas as perspetivas mais pessimistas, afirmou também esta terça-feira o diretor-geral da Organização Internacional de Migrações (OIM), António Vitorino. Segundo o responsável desta agência das Nações Unidas, esta “é a mais significativa vaga de refugiados, superior àquela que se verificou em 2015 com a chegada dos sírios através da Grécia aos países da Europa Central e decerto superior àquela que se verificou no final dos anos 90 do século passado com a guerra nos Balcãs e a desagregação da ex-Jugoslávia”.

Também hoje, a ministra da Justiça e da Administração Interna garantiu que Portugal poderá receber dezenas de milhares de refugiados ucranianos com segurança e “sem risco de turbulência”. “Temos uma comunidade ucraniana grande em Portugal, que está perfeitamente instalada, integrada e estabilizada. Muitas das pessoas que vêm para Portugal têm familiares ou amigos que já cá estão e que lhes darão apoio na primeira fase”, afirmou Francisca Van Dunem.

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