Est. Portalegre-Farense, 1-5 (crónica)

18 nov 2001, 16:58

Há jogos que deviam ter morte súbita Há jogos que deviam ter morte súbita durante os 90 minutos. O desta tarde em Portalegre devia ser um desses. Porque a segunda parte simplesmente não existiu, apesar dos dois golos marcados.

É o momento do jogo. Para bem ou para o mal. Estavam apenas passados 18 minutos e qualquer que fosse a equipa a marcar o primeiro golo havia muito tempo para recuperar. Mas não foi assim que o Estrela de Portalegre sentiu o primeiro golo sofrido, no seu estádio, perante o seu público e depois de moralizado por dez vitórias em dez jogos na Série D da III Divisão. É certo que o Farense é uma equipa mais forte. É certo que estar a perder perante um conjunto de outras ambições não é um cenário animador. Mas aquele golo de Cavaco devia ter sido encarado como um acaso. Como um acidente... Apenas isso. 

Até ao golo, os algarvios atacaram. É verdade. Podiam ter marcado, por Ferreira, que, de forma inacreditável, deixou fugir uma bola quando esta passava a um passo da linha de golo. O Estrela ainda aquecia. Os adeptos também. Jacinto Paixão tinha apitado há pouco tempo para o início da partida. Estava-se no minuto 5. Aos poucos, os alentejanos equilibraram e chegaram com perigo até Raul Iglesias. Que teve de se aplicar. Para evitar males maiores. 

Foi precisamente quando o Estrela atacava e procurava ganhar vantagem neste jogo da quarta eliminatória da Taça de Portugal que o Farense marcou. De forma incrível. Com a bola a ir ter com Cavaco e depois com as redes. Era esta a altura em que os portalegrenses, a equipa de melhor rendimento nos Nacionais, devia ter parado para pensar. Acreditar que era o tal acidente. 

De acidente em acidente 

Três minutos depois, Carlos Costa faz questão de separar as águas e a equipa da casa morre de vez. O capitão dos algarvios libertou a bola para Ferreira, que a devolveu e cruzamento para o eixo da área. Foi só cabecear e chegava o fim... aos 21 minutos. Agora era impossível devem ter pensado os alentejanos, perante um conjunto que não estava a jogar mundos e fundos. Até parecia, para mal de Alberto Pazos, bastante acessível. 

Aos 32 minutos, Ferreira puxa Moreira, que puxa Ferreira dentro da grande área. Jacinto Paixão assinala grande penalidade, esquecendo a primeira falta. Ferro ainda adivinha o lado e toca na bola, mas o remate de Ferreira anicha-se no lado direito da baliza. 3-0. E mais dois minutos e novo golo. O da goleada. Livre marcado por Rodri, Cavaco cabeceia fraco, mas a bola bate em José Monteiro e trai Ferro. 

Que mais há a fazer? 

O que bastava agora aos alentejanos? Jogar bom futebol e tentar incomodar um pouco mais os algarvios. Reviravoltas com o resultado em 0-4 são bastante raras, mas era preciso um pouco de fé. A segunda parte volta a começar aberta. Pazos faz duas trocas para rodar jogadores. Apenas para isso... Já com a vitória na mente e quase no bolso, o treinador espanhol quis dar maior ritmo a futebolistas menos utilizados. 

O Estrela volta a estar perto do golo (56 e 59 minutos). Mas, mais uma vez, a sorte não estava com a equipa da casa. E, na resposta, o Farense podia ter aumentado ainda mais a diferença, não fosse a vista grossa de Jacinto Paixão a uma grande penalidade sobre Ferreira e, na segunda jogada, o excesso de dribles do avançado em frente à baliza dos visitados. 

Mas não houve quatro sem cinco. Bruno Mestre correu isolado pelo lado direito do ataque e frente a Ferro disparou fortíssimo, entre o guarda-redes e o poste. A partir daqui o jogo caiu ainda mais. O Estrela desapareceu e Ferreira, avançado dos algarvios, desperdiçou uma mão cheia de golos. Já pouco interesse havia. Mesmo que o tento de Cascavel, de honra para o Estrela, trouxesse algum ânimo aos colegas. Há jogos que deviam ter «golo de ouro» durante os 90 minutos!

Mais Lidas

Patrocinados