João Pinto acusador na saída do Benfica

5 jun 2000, 12:47

Dispensa de Heynckes motiva rescisão João Pinto acusou treinador e Direcção de terem deixado a equipa «só» durante toda a época. O jogador foi dispensado por Heynckes e já rescindiu contrato com o Benfica.

João Pinto rescindiu no domingo o contrato que o ligava ao Benfica até 2004, depois do treinador Jupp Heynckes ter decidido não o incluir nos planos para a próxima temporada. 

A decisão da dispensa partiu do técnico alemão e a solução encontrada foi a rescisão por acordo entre jogador e clube. «Gosto de me sentir útil e neste momento já não o era, uma vez que o treinador prescindiu dos meus serviços», confessou João Pinto, em conferência de imprensa. O acordo de rescisão, adiantou José Veiga, empresário do ex-capitão de equipa do Benfica, não incluiu o pagamento de qualquer verba ao jogador mas também não estipula nenhuma limitação ao seu futuro. «O João Pinto é livre de ir para onde quiser», assumiu o empresário, circunstância confirmada pelo comunicado da Sociedade Anónima Desportiva do Benfica que deu a conhecer a rescisão. 

Futuro em aberto 

João Pinto, em conferência de imprensa antes de se reunir aos colegas da Selecção que partiu hoje para a Holanda, com vista ao Campeonato da Europa, não poupou a Direcção do Benfica e o treinador Jupp Heynckes. «São eles os responsáveis pela minha saída, claro, foram eles que me dispensaram. Fui apanhado de surpresa, mas como podia ficar num clube onde as pessoas não me querem?» 

A solução encontrada foi a quebra do vínculo que vigorava até 2004, o que permite ao Benfica poupar um milhão e quinhentos mil contos em salários com o jogador. João Pinto garantiu que não conhece ainda o seu destino, mas não rejeitou nenhum cenário. «Tenho respeito por todos os clubes. Vai falar-se de tanta coisa... mas está tudo em aberto.» Para já, lembra, encontra-se desempregado, motivo pelo qual vai fazer um seguro pessoal para se proteger de uma eventual lesão que surja durante o Campeonato da Europa. 

Equipa isolada 

João Pinto espera que a dispensa, a rescisão e a incerteza quanto ao futuro não tenham consequências no seu comportamento no Europeu. «Tomei conhecimento de que estava na lista de dispensas cinco horas antes do jogo com o País de Gales e acho que pelo que fiz ninguém se apercebeu da maneira como me sentia. Estava muito magoado mas nem por isso deixei de dar o meu melhor.» 

Depois do jogo, José Veiga confirmou a João Pinto que o Benfica não contava com ele. «Ninguém do clube teve a iniciativa de falar comigo directamente. Só hoje Vale e Azevedo falou comigo e disse-me que o treinador não contava comigo, que só me ia pôr a jogar em jogos muito difíceis, em que não pudesse corresponder. Heynckes teve oportunidade de me dizer que não contava comigo, despedi-me dele no nosso último dia de trabalho, ele falou com os meus colegas e não teve coragem de me dizer nada.» 

As queixas do jogador, no entanto, não se limitam à forma como foi dispensado, abrangendo tudo o que se passou na última época. «Ao longo do ano estivemos praticamente sozinhos, não tivemos apoio nem do treinador nem da Direcção, tirando José Capristano. Os jogadores é que assumiram sempre as responsabilidades. Assumimos os nossos erros, mas só nós o fizemos. Às vezes dei a cara pelo treinador.» João Pinto dá a entender que este sentimento de isolamento é comum ao plantel, mas não se pronuncia sobre o ambiente que se viverá no balneário do Benfica na próxima época. «Estou só a dizer o que sinto. Falo apenas por mim.»

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