Primeira morte no Reino Unido: o que já sabemos e o que estamos a descobrir sobre a Ómicron

13 dez 2021, 12:55

Variante já foi identificada em 63 países. Há uma certeza: é muito - mas mesmo muito - transmissível. Há uma grande dúvida: é mais letal? Do que se sabe, será mais benigna do que outras variantes. Mas ainda se sabe pouco

Foi o próprio Boris Johnson a confirmá-lo: a Ómicron fez a primeira vítima mortal no Reino Unido. "Infelizmente sim, a Ómicron está a causar hospitalizações. E infelizmente foi confirmado que pelo menos um paciente morreu com a variante", afirmou esta segunda-feira o primeiro-ministro britânico durante uma visita a uma clínica de vacinação na zona de Londres.

Mas há uma outra afirmação do primeiro-ministro britânico digna de nota: Boris Johnson afirmou também esta segunda-feira que a "ideia de que esta é uma versão mais branda do vírus" é algo que tem de ser "deixado de lado". A propósito da gravidade da Ómicron, a Organização Mundial da Saúde (OMS) já confirmou que sim, que esta variante é mais transmissível, mas tem dito que não, que esta variante não parece ser mais letal. 

Foi precisamente sobre este tópico da gravidade e transmissibilidade que a OMS fez um balanço este domingo, durante o qual admitiu que é provável que a Ómicron venha a ultrapassar a Delta em termos de contágios. Ainda assim, a OMS sublinhou que os dados conhecidos são ainda insuficientes para se determinar a gravidade da doença provocada pela nova variante: refere que por agora os sintomas pareçam ser "ligeiros a moderados", tanto na África Austral, onde a Ómicron foi inicialmente detetada, como na Europa. Estas informações divulgadas este domingo são semelhantes às que a OMS publicou AQUI no seu site a 28 de novembro.

Mais dados: um estudo realizado por investigadores da Universidade de Oxford, divulgado esta segunda-feira, revela que a administração de duas doses de vacinas contra a covid-19 não é suficiente para induzir anticorpos capazes de neutralizar a nova variante Ómicron. Os cientistas alertam ainda para uma maior probabilidade de infeções entre recuperados e vacinados contra a doença. A investigação indica que ainda não há provas de que um baixo nível de anticorpos capazes de neutralizar a nova variante possa estar relacionado com um risco mais elevado de doença severa, hospitalização ou morte nos doentes vacinados com duas doses das vacinas aprovadas.

A Ómicron, que foi detetada pela primeira vez na África do Sul, já foi identificada em 63 países, de acordo com a OMS, e é a variante dominante no Reino Unido - onde agora foi verificada a primeira morte. O primeiro-ministro britânico já tinha alertado no domingo para o facto de as duas doses de vacinas não serem suficientes para conter a propagação e os efeitos da nova variante, algo agora reforçado pelo estudo de Oxford.

Os sintomas

A Ómicron tem 32 mutações na proteína espícula, o dobro do que acontecia com a variante Delta (que tinha entre 13 a 17 mutações nesta mesma proteína). Angelique Coetzee, a primeira médica a alertar os cientistas do governo sul-africano para uma nova variante da SARS-CoV-2, indicou que os sintomas iniciais dos pacientes infetados com covid-19 com a estirpe Ómicron no país parecem ser diferentes dos associados à variante Delta, dominante em grande parte do mundo. Esses sintomas são fadiga severa, dores de cabeça e no corpo, dores de garganta ocasionais e tosse seca.

Os pacientes atendidos pela médica sul-africana não perderam o paladar nem o olfato. A OMS já deixou entretanto claro que não há informação suficiente que prove que os sintomas da Ómicron sejam diferentes dos das outras variantes.

Por outro lado, um estudo conduzido na África do Sul deu uma primeira ideia de como as vacinas se comportam perante esta nova variante da covid-19. De acordo com experiências realizadas em laboratório, a Ómicron parece diminuir a eficácia da vacina da Pfizer, mas quem tenha levado uma dose de reforço deve estar mais protegido.

Este estudo, realizado pelo Instituto de Pesquisa de Saúde de África, em Durban, cidade do país onde esta mutação terá surgido, revela que os anticorpos produzidos por pessoas vacinadas têm muito menos sucesso em impedir a infeção das células com a Ómicron em comparação com as outras variantes. Na prática, aquilo que os dados parecem indicar é que as pessoas vacinadas são mais vulneráveis a uma infeção com Ómicron do que a uma infeção com outra variante.

Os cientistas envolvidos neste estudo admitem que as descobertas podem ser preocupantes mas dizem que não é caso para pânico, até porque a investigação realizada é ainda muito preliminar, nomeadamente naquilo que é a proteção em relação às formas graves da doença que podem conduzir à hospitalização ou à morte. O diretor do Instituto de Pesquisa de Saúde de África, Willem Hanekom, reitera que "todos os especialistas em vacinação concordam que as vacinas ainda protegem contra a doença grave e morte em relação à Ómicron", apelando a que "todos se vacinem".

Por sua vez, a farmacêutica Pfizer sublinha que os testes preliminares mostram que é preciso uma terceira dose da vacina para se estar protegido contra a variante Ómicron.

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