Os sintomas da Ómicron e das outras variantes da covid-19

2 dez 2021, 22:00
Nova variante covid-19

Manifestação de sintomas tem vindo a acompanhar a mutação do vírus da covid-19: conforme o SARS-CoV-2 evolui, há uma transmissão maior, mas menos sintomas

Em pouco mais de uma semana, a nova variante da covid-19 colocou um travão no desconfinamento e deixou o mundo em alerta: a Ómicron foi identificada na África do Sul. O primeiro caso apareceu no Botswana, mas espalhou-se por vários países. Em Portugal, os casos já confirmados levaram a Suíça a colocar o nosso país na "lista vermelha" e o primeiro-ministro, António Costa, a admitir novas medidas para época natalícia.

Mas quais são os sintomas? É mais transmissível? Enquanto se vive um clima de incerteza, a CNN Portugal reuniu as semelhanças e diferenças da Ómicron, em relação às outras variantes.

As diferenças

A Ómicron fez soar os alarmes em todo o mundo depois de a Organização Mundial de Saúde (OMS) a ter considerado uma "variante de preocupação". Em causa está o grande número de mutações em relação à variante Delta.

O virologista Andrew Pekosz, em entrevista ao Instituto John Hopkins, destaca que muitas destas mutações ocorrem na proteína 'spike' - a proteína que o vírus usa para entrar nas células - que é o alvo das vacinas.

A primeira "imagem" da variante Ómicron, desenvolvida pelo hospital Bambino Gesù, em Roma, em colaboração com a Universidade de Milão, mostra a estrutura da proteína 'spike' da variante Ómicron, à direita, e da variante Delta, à esquerda, em comparação com a spike do SARS CoV-2 original.

Segundo explicam os investigadores italianos à agência de notícias ANSA, a Ómicron tem muito mais mutações, concentradas numa área que interage com células humanas. Os pontos vermelhos indicam as áreas com variabilidade muito alta, os laranja com variabilidade alta, os amarelos com variabilidade média, os verdes com baixa variabilidade e os azuis com variabilidade escassa. A área cinzenta é aquela que não varia. Isto não significa automaticamente que estas mutações são mais perigosas, mas simplesmente que o vírus se adaptou ainda mais à espécie humana ao criar outra variante.

Novos estudos vão revelar se a adaptação é neutra, menos perigosa ou mais perigosa”, afirmam os autores da imagem, Valentino Costabile, Rossana Scutari e Luna Colagrossi à ANSA.

Os sintomas 

Ainda se sabe muito pouco sobre a gravidade da doença causada por esta nova variante do vírus SARS-CoV-2. Os investigadores continuam a monitorizar a Ómicron e a OMS não tem registo de hospitalizações, mas os casos são muito reduzidos para tirar ilações, para já.

Angelique Coetzee, a primeira médica a alertar os cientistas do governo sul-africano para uma nova variante do SARS-CoV-2, indicou que os sintomas iniciais dos pacientes infetados com covid-19 com a estirpe Ómicron no país parecem ser diferentes dos associados à variante Delta, dominante em grande parte do mundo. Sendo eles:

  • fadiga severa
  • dores de cabeça e no corpo
  • dores de garganta ocasionais
  • tosse seca

De frisar que os pacientes atendidos pela médica sul-africana não perderam o paladar, nem o olfato. Contudo, até ao momento, a OMS diz que não há informação suficiente que prove que os sintomas da Ómicron sejam diferentes das outras variantes.

Como foram mudando os sintomas ao longo da pandemia?

Ainda que não haja uma alteração substancial, a manifestação de sintomas tem vindo a acompanhar a mutação do vírus. Luís Rocha, pneumologista da Fundação Portuguesa do Pulmão explicou à CNN Portugal que há três tipos de sintomas transversais da SARS-CoV-2, nomeadamente:

  • Mais comuns: febre, tosse, cansaço e perda de paladar e olfacto (este último em 80% das pessoas - é um grande indicador)
  • Menos comuns: dores de garganta, cefaleias, dores musculares, diarreia e manifestações na pele e a nível ocular 
  • Mais graves: dificuldade respiratória, alterações motoras, desorientação, dores no peito

Em entrevista à CNN Portugal, o especialista refere que os sintomas da covid-19, no geral, encaixam neste perfil, mas que devem-se à característica do vírus, que se vai adaptando às condições e perdendo "virolência" para a adaptação ao hospedeiro. Ou seja, conforme o vírus evolui, há uma transmissão maior, mas menos sintomas.

Exemplo disso, refere o pneumologista, é o caso do surto da nova variante no Belenenses SAD: o vírus propagou-se mais depressa, mas com poucos sintomas.

"Precisamos de duas semanas para ver os comportamentos da nova variante", frisa Luís Rocha.

Paralelamente, muitas das vezes a gravidade dos sintomas não tem a ver com o vírus, mas com as características individuais dos doentes e as suas comorbidades.

 

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