Perfil de Dani

7 set 2000, 19:05

Talento adiado espera confirmação na Luz A sua entrada no galarim deu-se no Mundial de sub-20, no Qatar, em 1995. Daí para cá, de Alvalade a Amesterdão, passando por Londres, a sua carreira tem ficado sempre aquém do que promete o seu imenso potencial. A Luz fica à espera do melhor Dani de sempre.

Em 1995, quando Portugal conquista o terceiro lugar no Campeonato do Mundo de sub-20, Dani era o jogador português mais promissor da sua geração. Um torneio fabuloso fez do então médio do Sporting (um ano mais novo que os companheiros) a grande ilusão do futebol jovem português, numa altura em que Simão Sabrosa ou Hugo Leal eram ainda juvenis interessantes. 

E qualidades técnicas não faltam ao português, como se provou no Mundial do Qatar. Dani, patrão da Selecção, fez do seu pé esquerdo uma das principais atracções da prova, juntamente com o pé direito do espanhol De la Peña, e levou Portugal ao terceiro lugar. 

Dessa geração, Nuno Gomes e Beto são os grandes casos de sucesso. As qualidades que faziam de Dani a grande esperança do futebol português parecem estar intactas, mas a verdade é que, cinco anos depois do Qatar, a carreira do português ficou aquém das expectativas. 

Experiência em Inglaterra 

Moralizado pelo sucesso no Mundial de sub-20, Dani, ainda com idade de júnior, estreou-se na equipa principal do Sporting ainda em 95. Pela mão de Carlos Queirós. Fez dois jogos essa época e toda a gente pensou que 95/96 fosse a época da sua afirmação, numa equipa que perdia então as suas referências ofensivas, Figo e Balakov. 

O ano não começou mal, apesar da pressão que Santana Lopes, presidente do Sporting, punha sobre os seus ombros - considerando Dani a grande aquisição da equipa para essa temporada. 

Apesar de nem sempre ter sido titular, o médio chegou à Selecção A, chamado por António Oliveira (Dani estreia-se em Wembley diante da Inglaterra). No Sporting, no entanto, a sua carreira parecia não arrancar. As insinuações de que o jogador vivia mais para a noite que para o futebol sucediam-se e o português acaba por ser emprestado ao West Ham, de Inglaterra, em Janeiro de 96. 

A experiência em Inglaterra voltou a deixar no ar a ideia de que o potencial de Dani era imenso - o português não conseguiu pegar de estaca na equipa, mas ainda marcou dois golos em nove jogos na Premier League. 

O número de Cruyff 

No final do ano, quando se esperava o regresso a Alvalade, o clube português recebeu uma proposta aliciante do Ajax (Holanda) e vendeu o jogador. Dani, aos 19 anos, mudava-se para o clube com a formação mais famosa do mundo. Agora sim, pensou-se, Dani terá condições de mostrar o que vale. 

A expectativa era muita - o português recebeu a camisola com o número 14, que no Ajax é logo associada a Johan Cruyff - mas na sua posição Dani tinha a concorrência de Litmanen, a estrela da equipa. 

Utilizado com alguma irregularidade, o português conseguiu, no entanto, durante os três primeiros anos em Amesterdão, grandes momentos, que alternava no entanto com outros de relativo apagamento. 

Depois de marcar dois golos ao Rangers na sua estreia na Liga dows Campeões, Dani brilhou em Madrid, diante do Atlético, fazendo o golo decisivo do Ajax que permitiu que os holandeses seguissem em frente nos quartos-de-final da prova. Depois apagava-se, ficava no banco, aparecia ora do lado esquerdo do meio-campo, ora do lado direito, ora atrás do ponta-de-lança, e a sua popularidade parecia dever-se tanto ao que fazia dentro de campo como à histeria que provocava nas adolescentes pelo seu aspecto. 

Fora do Europeu 

A saída de Litmanen parecia abrir a porta para a imposição definitiva do internacional português. Dani continuou a ser, porém, um jogador adiado. Primeiro foi uma lesão a afastá-lo dos relvados, depois, divergências contratuais com o clube impediram-no de aparecer com a esperada regularidade na equipa. A temporada 99/2000 foi, assim, a mais decepcionante da sua carreira na Holanda, culminando no seu afastamento da fase final do Campeonato da Europa.  

Agora, no Benfica, onde não vai poder participar nas primeiras eliminatórias da Taça UEFA, a esperança de que Dani confirme todo o seu potencial subsiste. É um dos melhores rematadores do futebol português, um dos poucos esquerdinos de grande nível, e tem uma cultura táctica (apurada em Amesterdão) que lhe permite fazer várias posições do meio-campo para a frente. 

Tendo nove internacionalizações A, sendo campeão holandês em 98, vencedor da Taça da Holanda em 99, terceiro classificado no Mundial de sub-20 em 95 e campeão da Europa de sub-18 em 94, Dani chega à Luz, aos 23 anos, com a ambição de relançar uma carreira que corria o risco de ficar esquecida na Holanda. Com mais pressão mas provavelmente com mais condições para se afirmar como indispensável da equipa.

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