Se é daquelas pessoas que sempre que arrenda uma casa de férias fica a pensar se haverá câmaras de vigilância escondidas, este artigo pode ser uma boa ajuda, especialmente se quiser entrar na pele de um detetive.
Uma empresa norte-americana de consultoria de segurança, especializada em contraespionagem corporativa, mostrou, numa reportagem para o Washington Post, como detetar a existência de câmaras escondidas numa habitação, sendo certo que as únicas permitidas em qualquer parte do mundo são as exteriores, por questões de segurança, e cuja existência deve estar bem assinalada.
"A maioria das pessoas tem uma noção um tanto exagerada do que é um dispositivo de vídeo escondido. Pensam que é como nos filmes, onde é extremamente pequeno e está escondido atrás de alguma coisa. Isso exige muita sofisticação, muita tecnologia e muitos recursos", observou Joe LaSorsa, fundador e presidente da empresa LaSorsa and Associates. "A esmagadora maioria das coisas que estão por aí serão dispositivos disponíveis comercialmente", acrescentou.
Ligados ao Wi-Fi ou a uma tomada
Numa casa arrendada pode haver vários objetos, alguns decorativos, que podem esconder uma câmara, como livros, esculturas ou mobília. Mas se for esse o caso, a preocupação será de curta duração, porque "estes não são esconderijos realistas", una vez que a câmara só poderia ser alimentada através de bateria e "a maioria dos dispositivos alimentados por bateria dura apenas algumas horas”, sublinhou o especialista.
É importante, por isso, perceber que artigos suspeitos possam estar ligados a uma fonte de energia como uma tomada ou rede de internet sem fios. Colunas bluetooth, carregadores USB, despertadores, determinados ambientadores, detetores de fumos são alguns dos mais suspeitos.
“A primeira coisa que me chamou a atenção [nesta casa] foi o detetor de monóxido de carbono conectado à parede. É um item doméstico normal, mas não sabemos se é legítimo”, indicou Joe LaSorsa.
Redes Wi-Fi suspeitas
Para comprovar se o detetor de monóxido escondia ou não uma câmara, o especialista começou por perceber que redes Wi-Fi eram exibidas no seu telemóvel. Ao ficar ao lado do detetor apercebeu-se que, para além da rede Wi-Fi da casa, apareciam várias outras com um conjunto de letras e números como “G419637LGWMW”.
“Porque é que um detetor de monóxido de carbono teria Wi-Fi?”, questionou.
QR Codes e lanternas
Os QR Codes possuem a funcionalidade de, segundo o especialista de segurança, “conectar o Wi-Fi às aplicações”, por isso é importante ver se existe algum colado no objeto. Na casa que serviu de teste, LaSorsa desconectou os itens e virou-os para procurar os códigos.
"Este não é um adesivo do fabricante com um número de série para registar por causa da garantia. Então qual é o propósito?”, questionou.
Através da lanterna do telemóvel, verificou ainda se conseguia observar a lente da câmara.
Radiofrequência e calor térmico
Para ter a certeza de que a sua privacidade está a ser vigiada, pode comprar um detetor de radiofrequência que reconhece energia de 20 megahertz a seis gigahertz - quase todos os dispositivos eletrónicos transmitem radiofrequência. Se suspeitar que a câmara se localiza em determinado objeto, tem de desligar todos os aparelhos concorrentes. Caso o aparelho continue a indicar níveis de radiofrequência alta, é sinal de que uma câmara deverá estar por perto.
Para além deste método, existe outro “mais infalível”, como o calor térmico dos objetos. Para tal é necessário um detetor térmico e, como as câmaras de vigilância são “caldeirões”, se o detetor marcar um valor alto, é um sinal de alerta.
Feitos todos os testes, se tiver encontrado câmaras, os especialistas aconselham a tapar as câmaras, sem nunca danificar o material, para não ser acusado de estragar bens de terceiros. O passo seguinte é alertar as autoridades.