«Portugal merece o sucesso»

27 jun 2000, 13:45

Drulovic, «rei» das assistências, em entrevista O internacional jugoslavo confirmou na selecção as qualidades que os portugueses já lhe conheciam no F.C. Porto. Apesar de ter saído de forma pouco digna, é uma das figuras incontornáveis do Euro-2000.

Drulovic lidera a tabela das assistências no Euro-2000, com quatro passes certeiros, marcou um golo e confirmou, finalmente, na selecção todas as qualidades que os portugueses já lhe conheciam do F.C. Porto. Deixou a prova depois da goleada consentida frente à Holanda, que considera favorita à vitória, mas, em entrevista ao Maisfutebol, considera que se Portugal ultrapassar a França pode pensar seriamente no título. 

- Termina da pior maneira um Europeu que, do ponto de vista pessoal, foi bastante gratificante. Que sentimentos leva neste regresso? 

- Posso ficar satisfeito com aquilo que fiz, não tanto com a carreira da equipa. Os jornalistas jugoslavos perguntaram-me a mesma coisa, e todos eles reconheceram que eu estive bem nos três primeiros jogos. Contra a Holanda não, mas aí, nada funcionou na equipa. Ninguém esperava perder 6-1, embora soubéssemos que íamos enfrentar um adversário muito difícil, ainda para mais motivado pelo apoio de um público fantástico. Sempre considerei a Holanda a principal favorita à vitória na prova, mas não contava com isto. Até porque no Mundial-98 efectuámos um jogo muito equilibrado, no qual perdemos com alguma infelicidade. 

- Voltando à sua trajectória pessoal: um golo, a liderança na tabela das assistências, com quatro passes decisivos; este é finalmente o Drulovic que Portugal conhece a firmar o seu estatuto na selecção jugoslava? 

- Estou à frente nas assistências? Não sabia... Só tenho pena de não ter podido manter a média no último jogo. Mas jogámos tão pouco, criámos tão poucas oportunidades, que não havia como fazer outro passe, ou outro golo. Sim, estou contente com os três primeiros jogos. Mostrei que não é só em Portugal que as minhas características podem dar resultados. Nos últimos anos especializei-me nas assistências, no F.C. Porto, por isso é gratificante deixar a minha marca neste Europeu com aquilo que faço melhor. Acho que terminei a época bem melhor do que a tinha começado. Apesar dos 6-1 (sorriso). 

- Uma oportunidade que, para si, chega um pouco tarde. Aos 31 anos, esta foi a primeira grande competição em que surgiu como titular da Jugoslávia... 

- Sim, depois do que me aconteceu no Mundial-98, onde estive sempre a aquecer e acabei por ser dos poucos não utilizados, sinceramente pensei deixar a selecção de uma vez por todas. Estava farto de não jogar, de me desgastar em viagens. Mas depois este treinador (Boskov) entendeu dar-me uma oportunidade mais efectiva e eu respondi com boas exibições. A partir daí, voltei atrás na minha decisão. E para aparecer numa competição como esta mais vale tarde do que nunca... 

- Esta selecção continua a contar com as suas grandes figuras do estrangeiro, apesar de quase todas elas já terem passado os 30 anos. Haverá lugar para si na «nova» Jugoslávia, uma vez que a renovação parece inevitável? 

- Vamos ver o que vai acontecer no futuro. Tenho 31 anos, faço 32 em Setembro, e em princípio continuo motivado para representar o meu país, pelo menos nas eliminatórias para 2002. Se quiserem a minha ajuda, estarei disponível. Mas isso vai depender de quem ficar à frente da equipa.  

- Falemos um pouco da selecção portuguesa, cujos jogadores conhece muito bem. Tem visto os jogos? 

- Sim, claro. Só não vi o jogo com a Turquia porque tivemos treino à mesma hora. Mas esta carreira não me surpreende, especialmente porque a vitória sobre a Inglaterra deu aos jogadores a confiança que às vezes lhes faltava nos grandes momentos. Estar a perder por 2-0 e conseguir uma recuperação espectacular dá asas a qualquer equipa e Portugal tem jogado sempre muito bem.  

- Acha que Portugal tem hipóteses de levar a taça? 

- Sim, tudo vai depender da meia-final. É muito difícil ganhar à França, mas se o conseguirem podem pensar muito seriamente no título. De qualquer forma, esta meia-final tem um grande significado. Até porque desta vez não há injustiças: estas são mesmo as quatro melhores selecções da Europa. Por tudo aquilo que fez, Portugal está com todo o mérito nesse lugar. 

- Tem falado ao telefone com os seus companheiros de equipa que estão em Ermelo? 

- Ainda não falei com ninguém. Outro dia ligou-me o Serginho, mas foi só isso. De qualquer maneira, tenho estado em cima das novidades. Temos Internet nos nossos quartos e eu leio todos os dias as notícias de Portugal, sobre a selecção e sobre os clubes.  

- E em relação ao seu futuro no F.C. Porto, o que espera da próxima época? 

- Não sei. Tenho contrato por mais um ano, mas ainda espero jogar mais três ou quatro épocas, até porque tenho condições para isso, sou um profissional sério. Já disse aqui há uns tempos que gostava de acabar a carreira nas Antas, mas se isso não for possível terei de procurar outras saídas. 

- Não há novidades quanto à renovação? 

- Não, vamos ver. Ainda há tempo. Por mim, só prometo que vou ser o Drulovic de sempre, vou trabalhar muito e pôr as minhas qualidades ao serviço da equipa. Mas para já quero descansar bem, porque esta época foi especialmente exigente. Participei em quase 70 jogos e preciso de uns dias para descontrair. 

- Tem falado com Dudic, o seu colega de selecção e futuro adversário no Benfica? Qualquer dia encontram-se em campo... 

- (sorriso) Ainda por cima ele é lateral-direito e eu sou extremo-esquerdo, estamos mesmo condenados a encontrar-nos. É uma situação engraçada, até porque somos dos poucos jugoslavos a actuar em Portugal. Temos brincado um pouco com isso, como é normal.Ele é um miúdo com grande futuro, vai ser um duelo interessante.

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