Lagorio: «O meu sonho é ficar no Marítimo»

26 fev 2001, 16:00

Avançado argentino está emprestado pelo Pumas até ao final da época Os três golos apontados ao Benfica continuam a fazer parte do rol de emoções mais intensas de Lagorio. Mas já nessa altura estava lesionado. Magoou-se na oitava jornada e há mais de um mês que foi obrigado a ausentar-se dos relvados para debelar uma tendinite no joelho direito. Emprestado ao Marítimo pelo Pumas (México), o avançado argentino espera que o clube madeirense compre o seu passe, porque o seu sonho sempre foi jogar na Europa. Por isso, já recusou um convite do Independiente, equipa do seu país Natal.

As folhas do bloco de notas chegam a ser escassas para apontar todas as expressões corporais de Lagorio. Tão depressa esboça um sorriso aberto, como abre os braços, mexe as mãos e só sossega os gestos quando ouve a próxima pergunta. Tudo isto de uma forma instintiva, sem premeditar qualquer comportamento mais forçado, ou proferir uma frase mais forte do que o normal. Rapidamente aceitou o desafio do Maisfutebol e fez a curta viagem ao passado, remexendo a memória até aos três golos marcados ao Benfica, só parando na crueldade do presente: há mais de um mês que não joga, por causa de uma tendinite no joelho direito. 

O sofrimento programou-se na oitava jornada, quando o ponta-de-lança do Marítimo hipotecou a negro uma carreira pautada pelo sucesso. Lesionou-se frente ao Boavista, mas contrariou a lógica ao colocar de parte a hipótese de ausentar-se dos relvados para cumprir o necessário programa de recuperação. Ainda fez nove jogos consecutivos, sempre em sacrifício latente e desmedido, mas depressa as dores aniquilaram a sua vontade mais profunda. Foi obrigado a parar e o regresso em pleno continua a ser uma incógnita. Uma loucura jogar tanto tempo lesionado? 

«Tinha chegado a Portugal e queria mostrar as minhas qualidades, porque o meu sonho sempre foi competir na Europa, por isso recusei a possibilidade de jogar no Independiente. Mas chegou a uma altura em que era impossível continuar a sacrificar-me daquela maneira. As dores no joelho eram muito fortes e fui obrigado a afastar-me temporariamente dos relvados. Tive de tomar a decisão mais correcta», explicou Lagorio, colocando a mão direita na zona afectada, à medida que desenha no rosto a expressão suprema da mágoa. 

O regresso à competição é uma realidade cujo teor ainda permanece camuflado sob o signo da incerteza. Não há uma data certa, tudo depende do organismo, da resposta dada pelos próprios músculos. «Se acordar bem, quem sabe, até posso marcar três golos ao F.C. Porto, como marquei ao Benfica», afirmou o avançado argentino, como uma forma de aliviar os contornos mais carregados da conversa. «Fui cedido pelo Pumas até ao final da época e o meu sonho é ficar no Marítimo. Por isso, sacrifiquei-me durante várias jornadas. Gosto das pessoas, do arquipélago da Madeira, e só espero que comprem o meu passe em definitivo», sublinhou Lagorio, ainda ligado contratualmente ao clube mexicano. 

Mais saboroso marcar a Enke do que a Chilavert 

O jogo com o Benfica alivia-lhe a tensão dos problemas. Não hesita um único segundo, quando recorda uma das noites mais importantes da sua vida desde que escolheu seguir o caminho do futebol. Já estava lesionado, as dores corriam-lhe os músculos sempre esticava a perna direita num movimento mais repentino, mas teve forças para marcar três golos ao clube da Luz. Lembra-se como se fosse hoje. Tal e qual. 

«Foi um dos jogos mais importantes da minha vida. Antes, nunca tinha marcado três golos. Na Argentina, pelo Gimmasia y Esgrima de la Plata, bisei frente ao Velez Sersfield, momento importante na minha carreira. Mas foi mais saboroso bater o Enke do que o próprio Chilavert, um dos melhores guarda-redes da actualidade. Porquê? Porque o Benfica é um grande clube a nível mundial. Qualquer avançado gosta de ter êxito frente às equipas mais conhecidas. Não fujo à regra», destacou Lagorio, ainda com os olhos a brilhar por tamanha ousadia. 
 
 

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