Nacional-Marítimo, 1-1, 5-4 nos penalties (crónica)

24 nov 2002, 02:29

Só mesmo na lotaria podia haver um vencedor As promessas de bom futebol ficaram-se aí, a realidade mostrou que a pressão e a rivalidade contaram muito mais.

Os dois treinadores tinham prometido um melhor espectáculo do que aquele que foi produzido na terceira jornada da SuperLiga. Mas erraram. É que qualquer semelhança com futebol foi pura coincidência. Um derby é um derby e a emoção e a rivalidade venceram a qualidade. No prolongamento, a noite fria ainda aqueceu, mas pouco. E na lotaria das grandes penalidades, o Nacional acabou por ser mais feliz e seguir em frente na Taça de Portugal.

O Marítimo apostava forte na Taça de Portugal, como via para chegar à Europa, e também porque nos últimos dois anos os madeirenses fizeram uma brilhante carreira na prova, chegando mesmo a disputar uma final. Pela frente estava um Nacional que vinha de duas vitórias na SuperLiga. Depois, a rivalidade existente entre os dois clubes madeirenses tornava este derby mais apetitoso. Ainda por cima, na Taça tudo fica agora decidido apenas num jogo.

Pensou-se então que estavam reunidas todas as condições para quebrar o muito frio que se fez sentir na Choupana e travar o vento que soprava. Pura ilusão. Ou antes, grande decepção. Bem fizeram aqueles que ficaram em casa, vendo o encontro através da RTP Madeira. É que a noite foi muito pobre.

Nelo Vingada surpreendeu deixando Gaúcho no banco e apostando só em Jaques como ponta-de-lança. Peseiro, que treinou à porta fechada, lançou Cleomir a médio esquerdo e Pascal no lugar do lesionado Serginho. No Marítimo, a ambição de querer seguir em frente na prova pareceu escassa, pois o líder maritimista não abdicou dos dois trincos: Zeca e Wénio. Nos alvinegros a aposta em Pascal não deu frutos, pois o lado direito do meio campo ficou desequilibrado - o nigeriano não é um médio-ala. Assim, está justificada a primeira opção de Peseiro, que aos 38 minutos já mexia na sua equipa, fazendo entrar Tonanha para o lugar de Pascal.

Até então, num encontro muito mal jogado, e onde os dois guarda-redes passavam despercebidos, foram sempre os maritimistas que construíram as poucas jogadas ofensivas, com destaque para Alan, Joel Santos e Pepín. Dos locais, o que se pode dizer? Nenhum perigo para a baliza de Nélson.

No segundo tempo, nem mesmo as substituições operadas trouxeram algo de novo ao encontro. O espectáculo continuou muito fraco e o pouco público presente nem sequer conseguia aquecer as mãos, batendo palmas a um bom remate ou a uma boa jogada. É que esses condimentos não existiam na ementa servida na Choupana. E foi de forma natural que se chegou ao prolongamento.

Alan animou

No tempo extra, talvez devido ao cansaço dos jogadores, as marcações de parte a parte foram decrescendo e abriram-se alguns espaços. A partida ganhou outra vivacidade embora sem ser um luxo.

O brasileiro Alan aproveitou bem o facto de Ricardo Esteves estar lesionado e após um bom passe de Joel Santos bateu bem o espanhol Belman, inaugurando o marcador aos 101 minutos a favor do Marítimo.

Mas o Nacional reagiu, muito por culpa do tubarão Rómulo - que entrou imediatamente após o golo de Alan e nove minutos depois fez o tento da igualdade, de cabeça, com culpas para a defesa maritimista.

Belman garante passagem

O empate subsistiu e houve necessidade de recorrer ao desempate por pontapés da marca de grande penalidade. Aí, Belman brilhou e carimbou a passagem para a eliminatória seguinte. O espanhol do Nacional, já na Taça da Madeira, também frente ao Marítimo, tinha defendido alguns penalties no desempate. Hoje voltou a repetir a proeza, negando a conversão de Alan, que até tinha sido um dos melhores artistas em campo. Depois Rómulo voltou a ser decisivo, apontando a última grande penalidade.

O Nacional venceu e não se pode falar se é injusto ou justo. Foi quem não perdoou na hora decisiva.

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