II Liga: Académica-Moreirense, 1-0 (crónica)

21 abr 2002, 18:47

A uma cadeira de ter o canudo A briosa mereceu a felicidade, por meia hora de qualidade e 60 minutos de... sofrimento.

A Académica está muito, muito próxima de voltar ao convívio dos grandes. A equipa de Coimbra venceu, esta tarde, o Moreirense, até então líder destacado da II Liga, e ficou a apenas um ponto de festejar a subida.

A derrota do Estrela da Amadora na Madeira deixou a briosa com cinco pontos à maior em relação ao quarto classificado. Como faltam seis pontos para que tudo acabe, basta um empate, num dos últimos dois jogos, aos homens de Coimbra para concretizarem esse objectivo, dada a vantagem de que dispõem no confronto directo com os amadorenses.

Já o Moreirense viu as suas ambições de subida um pouco mais complicadas. Com a derrota do Estrela no reduto do Nacional, bastava ao Moreirense vencer esta partida para festejar a subida na antepenúltima jornada. Mas a verdade é que a formação de Manuel Machado, que se tem destacado como a grande sensação deste campeonato -- não assumiu a candidatura à subida e liderou a II Liga até esta partida -- terá acusado em demasia a responsabilidade deste encontro e assinou uma exibição bastante fraca durante a primeira parte e desacertada na finalização, quando, nos últimos minutos, dispôs de algumas ocasiões para empatar. E uma breve olhadela pelo calendário dá conta dos riscos que o Moreirense atravessa nos dois últimos jogos: recebe o Nacional e desloca-se à... Amadora na última jornada, no jogo que pode muito bem o que tudo vai decidir nas contas da subida.

Meia hora e basta

A qualidade da primeira meia hora academista chegou para que a equipa da casa justificasse a obtenção dos três pontos. Dário foi o moto de um conjunto com pressa de marcar. Luís Cláudio desmarcou o moçambicano e este, isolado na área, foi travado por Zacarias. Grande penalidade, que Vital converteu com competência. Corria o minuto 13 e a Académica obtinha um avanço justo e precioso.

Mas a briosa queria mais. Entusiasmado, o público puxava pela equipa e aplaudia cada jogada de ataque gizada por Dário, Kibuey, Luís Cláudio e amigos. A festa era rija e já começava a cheirar a... quase subida. O segundo golo esteve próximo: e talvez se justificasse. Só que nunca chegou a acontecer e, com o passar do tempo, o Moreirense foi-se recompondo.

Os minhotos, como já se disse, começaram mal. Manuel Machado tinha avisado que as coisas iam ser difíceis, faltavam alguns titulares importantes, mas mais do que falta de bons jogadores notou-se uma ausências de espírito triunfador. Sobraram os nervos, que impediam a clarividência e diminuíam as hipóteses de a festa ser já hoje. Mas o Moreirense não desistia e um cabeceamento de Roberto, aos 34 minutos, foi o primeiro sinal de uma reacção que se desenhava.

Manuel Machado prescindiu de Primo, um lateral, e não hesitou em lançar Miguel Simão, uma unidade ofensiva. O remate de João Duarte, do meio da rua, foi outro aviso, antes ainda do intervalo, de que a segunda parte iria ser um bocadinho diferente...

Falhar, falhar, falhar...

O ritmo elevado da primeira parte manteve-se na segunda, mas desta vez só em alguns períodos. O jogo estava cada vez mais aberto, porque o Moreirense não só se mostrava mais capaz de criar perigo, mas também porque o passar dos minutos aumentava a necessidade da turma visitante de arriscar sem ter muito a perder. Roberto somava falhanços, aproveitando algumas brechas defensivas na Académica, mas sem ser capaz de concretizar as chances que ele próprio construía.

Mas a Académica nunca caiu na tentação de defender o magríssimo 1-0 que sempre dispõs, a partir do minuto 13. Procurou o 2-0, agora menos por Dário (exausto com aquela meia hora), mais por Kibuey, uma avançado mais possante fisicamente, mas não tão dotado do ponto de vista técnico.

Os minutos corriam e nem a Académica resolvia a ansiedade nem o Moreirense obtinha o empate. O impasse acabou por perdurar até ao final. Os academistas não foram traídos pelos níveis de tensão que foram aumentando nos derradeiros minutos, o Moreirense acabou por beneficiar com a derrota do Estrela na Madeira e conserva ainda quatro pontos de vantagem sobre o quarto classificado.

O jogo, emotivo e equilibrado, prenunciou um duelo mais do que provável na próxima temporada, mas agora na... I Liga.

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