Auxerre-F.C. Porto, 1-0 (crónica)

14 jul 2001, 21:30

Um momento, s.f.f. - o F.C. Porto encontra-se em fase de experiências

O teste foi bem mais duro em relação àquele que o F.C. Porto havia passado frente ao Racing, pelo que o embate desta noite com o Auxerre serviu para que os azuis e brancos fossem muito mais postos à prova. A derrota por 0-1, em si, não constitui grande motivo de preocupação: foi apenas o segundo jogo da pré-temporada, perante uma equipa forte e que se encontra numa fase de preparação muito mais adiantada.  

Mas a verdade é que continua a ser cedo para tirar as principais dúvidas. Digamos que a partida de hoje deu, apenas, para confirmar fortes indicações que vinham sendo dadas desde o início do estágio ¿ o que não se esperava é que servisse, também, para criar alguns receios até agora não colocados. O Porto tem um conjunto forte e com soluções, isso não se põe sequer em causa. A questão está, agora, em encontrar a melhor forma de olear a máquina. 

Comecemos, então, pela parte das certezas. Octávio começou o jogo com uma equipa quase igual à de Paris, só com a saída de Costinha para a entrada de Rafael, que se estreou (e muito bem) com a camisola azul e branca. Se já foi significativo que o treinador portista tenha repetido o onze quase a cem por cento, mais esclarecedor ainda foi o facto de o Porto ter voltado a actuar com um esquema de 4x4x2 muito especial, apoiado num meio-campo em losango. A única alteração foi enquadrar Rafael à direita, na linha intermédia desse losango, precisamente o posto ocupado por Costinha no encontro com o Racing. Soderstrom posicionava-se no mesmo sector, mas à esquerda, e Deco ficava no ponto mais avançado desse losango. Este esquema confirmou a aposta de Octávio em libertar Capucho para missões somente ofensivas, acompanhando mais de perto o ponta-de-lança.  

E o modelo, no início, até estava a funcionar. O Porto entrou no jogo claramente a mandar. As trocas de bola estavam a ser bem feitas e era claramente o conjunto português quem tinha a iniciativa. Rafael entrou muito bem, puxando o jogo da equipa para a direita e fazendo com que Soderstrom ficasse, hoje, um pouco mais apagado. As jogadas de perigo começaram a surgir com naturalidade e todas a favor do Porto. Deco e Capucho eram os artífices dos melhores pormenores. Tudo parecia estar... normal. 

O estranho fenómeno da retracção 

Mal o Porto imaginava o que ia acontecer-lhe. Num ápice, o jogo mudou totalmente de cariz. E uma vez mais, foi Rafael o protagonista. Na única desatenção de que pode ser apontado, oferece uma bola, numa zona proibida, a Hélder Esteves, que passa a Kapo. Só não foi golo do Auxerre porque Ovchinnikov estava muito atento. Três minutos depois, Rafael, ainda em fase final de recuperação de um problema físico, foi substituído por Chainho. O domínio portista acabou aí. 

Pode ter sido apenas uma mudança psicológica, mas a verdade é que o Porto nunca mais foi o mesmo. O Auxerre foi acreditando que era possível ganhar o jogo e começou a criar as melhores ocasiões. Não fosse a classe pura de Paredes, a desvantagem portista podia ter aparecido mais cedo. 

Depois do intervalo, vieram as alterações. Alessandro quase marcava, após remate oportuno. Uma excepção num Porto em clara curva descendente. Mais fiel ao onze-base, o Auxerre aproveitou a multiplicação de alterações no Porto. Ainda assim, a equipa da segunda parte portista chegou a ter uma fase de domínio, que se podia ter materializado numa oportunidade protagonizada por Alenitchev. Um problema físico de Chainho ainda deu para Quintana se estrear sem estar à espera disso, mas poucos minutos em campo não servem de indicação. 

Não há que dramatizar esta derrota, ela pode até nem querer dizer nada, mas certo, certo é que o Porto não mostrou a consistência evidenciada no jogo de Paris. Meia hora de jogo fluido e produtivo foi o melho de uma equipa ainda em fase experimental. 
 

FICHA DO JOGO 

Estádio Abbée Deschamps, em Auxerre

Árbitro: Eric Bouler

Árbitros auxiliares: Thierry Warriant e Jacky Guillot  

AUXERRE (4x4x2): Cool; Jay, Radet, Boomsung e Jaures; Tainio, Cachoer, Faye e Fadiga (Sirieix, 82m); Hélder Esteves (Gonzales, 61m) e Kapo (Van den Bosche, 80m)

Treinador: Guy Roux 
 

F.C.PORTO, 1.ª parte (4x4x2): Ovchinnikov; Secretário, Jorge Costa, Jorge Andrade e Mário Silva; Rafael (Chainho, 31m), Paredes, Deco e Soderstrom; Capucho e Pena

F.C. PORTO, 2.ª parte (4x4x2): Ovchinnikov; Secretário, Ricardo Silva, Ricardo Carvalho e Nélson; Chainho (Quintana, 87m), Paredes (Pavlin, 65m), Alenitchev (Ricardo Sousa, 75m) e Soderstrom (Paulinho Santos, 65m); Cândido Costa (Clayton, 65m) e Alessandro (Maric, 75m)

Treinador: Octávio Machado 

Ao intervalo: 0-0

Marcadores: 1-0, Gonzalez, 82 m;

Resultado final: 1-0

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