Benfica-Marítimo, 3-0 (crónica)

8 abr 2001, 19:15

Perdeu quem não quis ganhar O futebol às vezes é justo, pune quem nada lhe dá. Esta tarde, na Luz, foi assim. Venceu quem entrou a pensar nisso, encaixou três golos a equipa que não soube sequer compreender as lições que o jogo lhe foi dando. O Benfica dificilmente poderia desejar um adversário mais cómodo.

A história do jogo é fácil de contar: ganhou quem quis. O Benfica foi exemplar a defender e apenas oportuno a atacar; o Marítimo não foi nada. No final, os três golos vermelhos explicam na perfeição como foi calma a tarde em que Toni voltou a ver a sua equipa vencer. 

O facto de o primeiro golo do Benfica ter sido marcado por um defesa é daquelas coincidências felizes. Até essa altura, meio da primeira parte, era a correr atrás da bola que os «encarnados» transmitiam sinais positivos. Percebeu-se desde cedo que a atitude era a correcta. 

Eficaz na defesa, Toni via toda a gente trabalhar sempre que era preciso recuperar a bola. Era uma boa notícia. Do outro lado, o Marítimo esperava. Instalado num 4-4-2 conservador, a equipa de Nelo Vingada surgia demasiado convencida de que o Benfica haveria de cometer um erro. 

De facto, foi assim nos últimos cinco jogos. O Benfica começa quase sempre por oferecer vantagem ao adversário e depois quando dá por si está a perder e acaba em sofrimento. Mas o guião era outro e foi o Marítimo a falhar. Em resposta a um pontapé de canto, Ronaldo colocou a cabeça a uma bola que Gilmar deixara passar: 1-0. 

Maior risco: o tédio 

O Marítimo merecia mais sofrer um golo do que o Benfica marcá-lo. Na prática, o resultado foi idêntico. Ainda havia muito para jogar, mas ficou logo claro que Nelo Vingada precisaria de mexer muito para conseguir retirar alguma coisa do jogo. A sua equipa, rotinada a trocar a bola no meio-campo, era curta, demasiado curta. Como o Benfica continuava competente sem bola, a história do desafio poderia ter terminado logo ali. 

Acabou por durar algunas minutos mais, mas não muitos. O Marítimo regressou do intervalo igual. Para a equipa da Madeira, não havia nenhuma lição a retirar dos primeiros 45 minutos. Como um aluno outra vez apanhado em falta, nova falha da defesa deu a João Tomás a oportunidade de fazer o 2-0. Desta vez, o avançado do Benfica não falhou. 

Com uma parte pela frente, o tédio era o maior risco. O Benfica sentia que se mantivesse a boa qualidade do jogo defensivo não teria problemas para segurar a vitória. O Marítimo começava a pensar em fazer algo pela vida, mas transmitiu sempre a sensação de não saber o quê. Nelo Vingada trocou a dupla de avançados por outra, mas ficou tudo na mesma. 

Para quem vai aos estádios à procura de lances bonitos e emoção, a história termina aqui. Os minutos finais sucederam-se sem diferença. Faltas, foras-de-jogo, macas e um ou outro drible de Sabry misturaram-se para formar um conjunto sonolento. 

Ainda houve um golo e mais duas ou três oportunidades para o Benfica, que poucas vezes terá tido, esta temporada, uma partida tão à sua medida. O Marítimo volta a casa a lamentar a sorte, mas talvez fizesse melhor em rever alguns conceitos básicos do seu jogo. Na I Liga, com muita gente a jogar ao ataque, começa a ser difícil encontrar um lugar para quem não arrisca e chega a esta altura com apenas seis golos marcados fora da ilha.

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