F. C. Porto-V. Guimarães
Se Secretário fizesse aquele corte - que devia ser um passe para o seu guarda-redes e deu canto, aos 50 minutos do F. C. Porto-V. Guimarães - umas semanas antes, o público das Antas não se teria cansado de assobiar o lateral-direito portista.
Mas o jogo com os vimaranenses, da 7ª jornada da I Liga, estava a funcionar claramente como desagravo para Secretário, depois de na quarta-feira anterior ele se ter exibido em grande no Holanda-Portugal.
A festa começou cedo. Quando o «speaker» das Antas anunciou o nome do número 7, os aplausos intensificaram-se. Estava visto que era a noite da reconciliação. À primeira subida pelo flanco troaram as palmas, que não mais largariam o jogador. Bastava um corte, como os que fez aos 33 e aos 80 minutos, ou uma atitude altruísta, como a que teve quando colocou a bola fora para Geraldo ser assistido (59m).
Nesse jogo, Secretário pôde, até, rematar muito mal à baliza minhota (42m), fazer faltas (exemplo aos 37 minutos) ou perder a bola (62m), tudo sem deixar de sentir o apoio do público.
A exibição em números
As estatísticas da prestação de Secretário no encontro com o Vitória de Guimarães mostram uma exibição regular. Sem rasgos mas também sem falhas de maior. Seria o suficiente, contudo, para nos encontros anteriores o lateral sofrer com a impaciência dos adeptos.
Nos 92 minutos em que actuou, Secretário fez 36 passes certos e três errados, resultantes de 39 boas recepções de bola. No lote dos primeiros contam-se cinco em jogadas de perigo construídas pelos portistas e no grupo dos segundos está um erro «perdoável» na medida em que o passe era longo e arriscado, logo com acrescidas probabilidades de falha.
Cinco recuperações de bola e 15 cortes provam o acerto do seu trabalho defensivo, no desempenho do qual apenas foi batido por três vezes em jogadas de um para um (uma delas com perigo mas sem consequências para o último reduto portista). Entre as intercepções de bola, houve uma que se revelou fundamental para o F. C. Porto.
A já referida perda de bola (62m) foi a única que se lhe registou. O defesa azul e branco sofreu uma falta e cometeu quatro, sendo que uma delas lhe valeu a admoestação com cartão amarelo.
No plano ofensivo Secretário esteve longe de brilhar. Fez quatro cruzamentos - nenhum deles particularmente importante - e apenas aquele remate para mais longe da baliza do Vitória do que ele próprio se encontrava.
No segundo minuto de descontos, Fernando Santos decidiu tirar o futebolista da equipa com o propósito, confessado em seguida pelo próprio treinador, de o ver aplaudido pela massa associativa.
Secretário olhou a placa com o número 7 e ergueu os braços para retribuir a simpatia do anfiteatro das Antas. O jogo estava ganho e ele reconciliado com os seus.
Os outros textos
1. Secretário em entrevista: «Jogo com a Holanda marcou a viragem»
3. A carreira
- A dar nas vistas na Sanjoanense
- O Sporting, as saudades da família e a ida para o F. C. Porto
- Veredicto: emprestado
- No lugar de Jaime Magalhães
- De extremo a lateral
- Dias negros em Madrid
- De volta às Antas
4. Diz quem o conhece
- Fernando Santos (treinador do F. C. Porto): «Pu-lo a jogar contra tudo e todos»
- António Oliveira (seleccionador): «Muitas vezes injustiçado»
- Chendo (ex-jogador do Real Madrid): «Se calhar faltou-lhe regularidade»
- Humberto Coelho (ex-seleccionador): «Correspondeu sempre»
- João Pinto (ex-jogador do F. C. Porto): «Ainda bem que foi ele a substituir-me»
- Vítor Manuel (treinador do Salgueiros): «O nome dele saiu na rifa...»
- Costa Soares (F. C. Porto): «Sempre teve grande carácter»
- Aurélio Pereira (Sporting): «Era sportinguista desde pequeno»
- José Mina (Sanjoanense): «Não era um craque, mas sobressaía»