Defesa pede pena suspensa para Rui Pinto: "vivia da venda de velharias" e por isso "ninguém lhe pode apontar motivação económica"

Vânia Ramos , CE - notícia atualizada às 17:30
16 jan 2023, 16:01

Alegações finais do processo foram esta segunda-feira. O hacker português admitiu que errou e mostrou-se arrependido. O acórdão está marcado para dia 28 abril

A defesa de Rui Pinto não pede a absolvição do pirata informático, mas afirma que a pena suspensa será suficiente. O advogado concorda que ele cometeu alguns crimes mas lembra que é denunciante e que "aprendeu com os erros cometidos". 

Isso mesmo afirmou também Rui Pinto na sua declaração final. Disse que depois de tudo o que passou tem a noção de que teve comportamentos errados e que se arrepende dos acessos à PLMJ, apesar do impacto do Luanda Leaks. Assumiu que se arrepende, não por ter estado preso, mas por ter ganho uma consciência jurídica que não tinha. "Vivemos em aprendizagem e só quando ganhamos maturidade percebemos os erros", disse.

O acórdão está marcado para dia 28 abril.

Nas alegações finais do processo Football Leaks, esta segunda-feira, no Campus de Justiça, em Lisboa, o advogado de Rui Pinto lembrou que o arguido deixou claro "que não defende que os fins justificam os meios" e até a sua prisão "teve uma evolução notável".  "A privação da liberdade e do mundo da missão que se sentia imbuído permitiu hoje ter uma noção diferente da realidade", acrescentou Francisco Teixeira da Mota. 

O advogado alegou que Rui Pinto "vivia de forma modesta e simples [em Budapeste], da venda de velharias" e, por isso mesmo, "ninguém lhe pode apontar motivação económica. Ninguém pode dizer que ganhou um cêntimo com a sua atividade". Francisco Teixeira da Mota referiu ainda que "o tribunal não está aqui para decidir sobre o Estado de Direito ou a justiça do vale tudo". 

"Há outra coisa que torna este processo especial: é que o arguido está num programa de testemunhas. E outra coisa, a colaboração do arguido [com as autoridades]. Rui pinto é um denunciante."

Francisco Teixeira da Mota (Lusa/Miguel A. Lopes)

Rui Pinto, de 34 anos, responde por um total de 90 crimes: 68 de acesso indevido, 14 de violação de correspondência, seis de acesso ilegítimo, visando entidades como o Sporting, a Doyen, a sociedade de advogados PLMJ, a Federação Portuguesa de Futebol (FPF) e a Procuradoria-Geral da República (PGR), e ainda por sabotagem informática à SAD do Sporting e por extorsão, na forma tentada. Este último crime diz respeito à Doyen e foi o que levou também à pronúncia do advogado Aníbal Pinto.

O criador do Football Leaks encontra-se em liberdade desde 7 de agosto de 2020, “devido à sua colaboração” com a PJ e ao seu “sentido crítico”, mas está, por questões de segurança, inserido no programa de proteção de testemunhas em local não revelado e sob proteção policial.

No primeiro dia de alegações finais, o MP pediu pena de prisão para Rui Pinto por 89 dos 90 crimes de que está acusado no processo, uma vez que considerou que o único crime não provado foi o de sabotagem informática à SAD do Sporting.

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