Ucrânia, covid-19, teletrabalho. O melhor e o pior no discurso do Estado da União de Joe Biden

CNN , Análise de Chris Cillizza
2 mar 2022, 20:23
Joe Biden discursa sobre o estado da união

O presidente Joe Biden fez o seu primeiro discurso sobre o Estado da União na noite de terça-feira, um discurso que aconteceu durante a invasão da Ucrânia pela Rússia e entre sondagens desencorajadoras face às eleições intercalares de 2022

O editor da CNN Internacional Chris Cillizza viu o discurso - e as reações ao mesmo - e anotou alguns dos melhores e piores momentos da noite.

MELHOR

  • Convidar a embaixadora ucraniana nos EUA. Desde que Ronald Reagan chamou pela primeira vez convidados de honra para o Estado da União, os presidentes têm aproveitado a oportunidade para criarem momentos memoráveis num discurso que, muitas vezes, mais parece uma lista de prioridades políticas. A decisão de Biden de ter a embaixadora ucraniana nos Estados Unidos como convidada especial da primeira-dama Jill Biden foi um ponto alto do discurso, pois toda a Câmara dos Representantes - Democratas e Republicanos - se levantou para a aplaudir. “Nós, os Estados Unidos da América, estamos com o povo ucraniano”, disse Biden.
  • Um feito histórico como pano de fundo. Pela primeira vez, duas mulheres - a vice-presidente Kamala Harris e a presidente da Câmara dos Representantes Nancy Pelosi - sentaram-se atrás do presidente dos Estados Unidos durante um discurso do Estado da União. Foi uma visão notável. E fez-se história.
  • Um regresso à normalidade. Quando as câmaras percorreram a Câmara dos Representantes, antes de Biden falar, não consegui ver uma única pessoa a usar máscara. Quando o presidente entrou, sem máscara, começou imediatamente a distribuir apertos de mão. Parecia como todos os discursos do Estado da União antes de o mundo conhecer a palavra “covid-19”. Biden disse a certa altura: “Estamos a avançar com segurança de volta às rotinas normais.” Noutro momento: “Graças aos progressos que fizemos no último ano, a covid-19 já não controla as nossas vidas”. As palavras tiveram mais significado porque a Câmara onde Biden as proferiu parecia muito uma Câmara normal.
  • Carregar no botão reiniciar na questão da covid-19. Um dos piores desenvolvimentos dos últimos dois anos é que um vírus se transformou num futebol político. Biden fez um apelo para mudar essa realidade. “Vamos parar de olhar para a covid-19 como uma linha divisória partidária e vamos vê-la por aquilo que é: uma doença terrível,” disse ele. “Não podemos mudar o quão divididos temos estado. Mas podemos mudar a forma como seguimos em frente – na questão da covid-19 e noutras questões que devemos enfrentar juntos.”
  • "Financiar a polícia." Os Democratas têm enfrentado pedidos dos seus membros mais liberais para retirar fundos à polícia devido a uma série de incidentes mediáticos entre agentes e pessoas de cor. Mas a verdade é que o público americano tem pouco interesse em retirar dinheiro aos departamentos de polícia. Biden transmitiu a sua reprovação às bases do partido ao insistir que “a resposta não é retirar fundos à polícia. É financiar a polícia. Financiá-los. Financiá-los.” A Câmara dos Representantes irrompeu em aplausos, num raro momento de acordo bipartidário, especialmente.
  • Não desistir do bipartidarismo. Biden polvilhou o discurso com frases como “graças aos meus amigos republicanos” e reconheceu repetidamente que havia diferenças reais de opinião sobre questões importantes. Ele disse: “É importante para nós mostrarmos à nação que nos podemos unir e atingir grandes coisas.” Biden apresentou então uma série de propostas - abordando a crise dos opioides, o cuidado aos veteranos – coisas que ele acreditava que poderiam ser feitas numa base bipartidária.
  • Stephen Breyer. Biden reconheceu pessoalmente o juiz reformado do Supremo Tribunal, que recebeu um grande aplauso pelos seus anos de serviço. Foi um raro momento de emoção genuína num discurso muito formal.

PIOR

  • Ações das representantes republicanas Lauren Boebert e Marjorie Taylor Greene. Boebert do Colorado e Greene da Geórgia, dois dos membros mais proeminentes do House Freedom Caucus, viraram as costas e recusaram-se a aplaudir quando os elementos do Gabinete de Biden foram apresentados e se dirigiram para os seus lugares na Câmara dos Representantes. Algo que é, bem, ridículo. Quer se concorde ou não com eles - ou com qualquer administração – no mínimo, vale a pena ter educação como forma de homenagear os seus serviços ao país. Mais tarde, Boebert interveio enquanto Biden falava sobre o filho Beau que morreu devido a um cancro no cérebro.
  • Biden falhou aos fãs do teletrabalho. Biden deixou bastante claro no discurso que acreditava que estava na hora de as pessoas começarem a voltar regularmente ao trabalho, após dois anos de mudanças no local de trabalho relacionadas com a covid-19. “Está na hora de os americanos voltarem ao trabalho e encherem novamente os grandes centros das nossas cidades,” disse Biden. “As pessoas que trabalham em casa podem sentir-se seguras para começar a regressar ao escritório.”
  • “O povo iraniano.” Quando encerrava a secção do discurso dedicada à invasão da Rússia, Biden quis elogiar o povo ucraniano. Só que disse “povo iraniano”. Eu sei o que ele quis dizer, mas, bem, retirou qualquer coisa àquele momento.
  • O salto de Schumer. O líder da maioria no Senado, Chuck Schumer, levantou-se de um salto para aplaudir Biden quando este divulgou o plano económico de Shumer. Só que falhou o momento certo para bater palmas. Ouça… Já todos passámos por isso.

E.U.A.

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