Pedro Nuno Santos não vê radicais no PS, só na direita que "esconde" acordos. E teme que a democracia esteja em perigo

13 nov 2023, 20:51
Pedro Nuno Santos apresenta candidatura à liderança do Partido Socialista (José Sena Goulão/ Lusa)

Candidato à liderança dos socialistas "não ignora" o caso que derrubou o Governo, mas frisa que o PS “não vai passar os próximos quatro meses a discutir um processo judicial”. Pelo meio, alertou: "Não conseguiremos salários dignos desprezando quem trabalha, mas também não o conseguiremos desprezando as empresas"

Falou para dentro - não há alas radicais nem moderadas no PS, defendeu. Falou para dentro e para fora em simultâneo - António Costa evitou a catástrofe no país e a direita esconde alianças "racistas" que nos vão lançar nela - "nela" a catástrofe. Também falou só para fora, nomeadamente para as empresas. E falou sobre o processo que levou à queda do Governo para pedir que não se fale muito nisso. Pedro Nuno Santos é candidato ao PS e quer ser o primeiro primeiro-ministro de Portugal nascido em liberdade, nascido no pós-25 de Abril.

“É muito importante lembrar todas as promessas que a direita prometeu e não cumpriu porque ainda agora nos promete que não fará acordos com a direita populista, racista e xenófoba, quando é precisamente isso que se prepara para fazer. É muito importante lembrar que a direita não cumpre promessas quando diz que quer baixar impostos, aumentar pensões ou recuperar o tempo de serviço dos professores. A direita simplesmente não tem credibilidade.”

O ex-governante criticou ainda quem procura dividir o PS entre “moderados e radicais”. “Muito se tem falado de uma suposta divisão no PS entre uma ala ‘centrista e moderada’ e uma ala de ‘esquerda e radical’. Mas esta discussão tem pouco sentido. Alimenta conflitos artificiais e apenas serve a quem combate o PS. Na pluralidade que sempre existiu neste partido, o que está em causa não é uma disputa entre a moderação e o radicalismo.”

O candidato a secretário-geral dos socialistas manifestou a ambição de ser o primeiro líder do país “nascido em liberdade”, 50 anos depois do 25 de Abril, e alertou que as “conquistas” desses tempos, como a democracia e o Estado social, “não são irreversíveis”. “Não chega comemorar estas conquistas, é preciso consolidá-las. É preciso garantir os meios necessários à escola pública e ao SNS, bem como todos os outros serviços públicos essenciais ao bem-estar da população. Assegurar que os portugueses têm as bases essenciais para gozar a liberdade que devia ser de todos: um salário digno, uma casa, saúde, segurança e sonhos concretizados.”

Num discurso de cerca de 20 minutos, Pedro Nuno Santos dedicou uma parte do tempo a elogiar António Costa, “um dos melhores políticos portugueses” que conheceu. “António Costa foi o líder que derrubou os muros erguidos entre o PS e os outros partidos da esquerda parlamentar, foi ele quem teve a iniciativa de desfazer o bloqueio que colocava o PS em desvantagem face a uma direita que se conseguia entender para governar”, afirmou, referindo também o crescimento económico “acima da média europeia”, a “trajetória sustentada de redução da dívida pública” e a criação de 600 mil empregos desde 2015. 

"António Costa Foi o líder que perante a catástrofe que se abateu em Portugal, aquando dos incêndios de 2017,  liderou uma importante reforma do território, das florestas e da proteção civil que produziu  resultados importantes nos anos seguintes", sublinhou. “É verdade que ainda há muito por fazer e que são muitos os problemas que afligem as famílias portuguesas, mas seria errado e injusto esquecer o legado que é deixado ao país pelos governos liderados por António Costa”.

Sobre a Operação Influencer, que levou à demissão do primeiro-ministro, Pedro Nuno Santos “não ignora” que a credibilidade das instituições da República foi abalada e que a democracia saiu ferida. Porém, garante que o PS “não vai passar os próximos quatro meses a discutir um processo judicial” e elencou as três preocupações centrais de um eventual executivo seu: salários, habitação e valorização do território.

"Não conseguiremos salários dignos desprezando quem trabalha, mas também não o conseguiremos desprezando as empresas e ignorando os seus desafios. Reconhecemos que as empresas são comunidades entre empresários e trabalhadores, e que as relações entre uns e outros são feitas de direitos e de obrigações. É por isso que o PS é a plataforma política que melhor defende e promove o diálogo, a negociação e a concertação entre empresários e trabalhadores."

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