China restringe exportação de metais essenciais para fabricar chips

Agência Lusa
4 jul 2023, 07:43
Chips para veículos (foto: Stellantis)

O objetivo da medida é "proteger a segurança e os interesses" de Pequim

O Ministério do Comércio da China anunciou na segunda-feira à noite restrições à exportação de gálio e germânio, dois metais fundamentais para o fabrico de semicondutores.

A partir de 1 de agosto, não será possível exportar gálio ou germânio ou mais de uma dezena de derivados dos dois metais sem pedir uma autorização específica às autoridades, indicou em comunicado o Ministério do Comércio chinês.

O objetivo é "proteger a segurança e os interesses" da China e sublinhou que a exportação destes metais sem autorização poderá "constituir um crime", acrescentou.

A China é o maior produtor mundial de ambos os elementos, com mais de 95% da produção de gálio e 67% da produção de germânio.

Entretanto, o Japão, que importa grandes quantidades de gálio e germânio da China, disse estar a analisar a decisão de Pequim, não descartando a possibilidade de tomar medidas de retaliação. O porta-voz do governo nipónico, Hirokazu Matsuno, disse que as autoridades estão a "analisar o potencial impacto no Japão" da medida.

"Se o Japão estiver sujeito a medidas injustificadas à luz das regras internacionais” da Organização Mundial do Comércio, o país tomará “as medidas oportunas", acrescentou o porta-voz.

Em 23 de junho, Tóquio restringiu a exportação de equipamento avançado de fabrico de semicondutores, medida que vai também afetar Pequim, mas o ministro da Economia, Comércio e Indústria japonês, Yasutoshi Nishumura, descartou que a decisão chinesa seja uma retaliação.

O jornal oficial do Partido Comunista Chinês, o China Daily, defendeu, num editorial, a decisão e sublinhou que os Estados Unidos, apesar de terem os maiores depósitos de germânio do mundo, não os têm explorado, já que a extração representa uma grande fonte de poluição ambiental.

O jornal apontou também o dedo aos Países Baixos, que impôs controlos sobre as exportações para a China de tecnologia que usa luz ultravioleta para gravar circuitos nos chips de memória mais avançados.

"São eles que colocam em risco as cadeias produtivas globais, e não podem culpar a China, que está a defender os seus interesses legais nacionais neste mundo de incertezas," disse o China Daily.

De acordo com especialistas citados pelo jornal de Hong Kong South China Morning Post, a decisão serve de pressão no âmbito de negociações com os Estados Unidos e outros governos ocidentais sobre as restrições impostas à exportação para a China de chips e equipamento necessário ao fabrico de chips.

A medida foi anunciada três dias antes da secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen, iniciar uma visita oficial à China.

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