Presidente da Bolívia alerta que país está a sofrer "tentativa de golpe de Estado"

26 jun, 21:55

Mobilização militar surge na sequência da demissão do general Juan José Zúñiga como chefe do exército da Bolívia, que está contra o regesso de Evo Morales à vida política nacional

O presidente da Bolívia, Luis Arce, alertou que o país está a sofrer "uma tentativa de golpe de Estado" com um movimento militar liderado pelo general Juan José Zúñiga, demitido na terça-feira após ameaçar que não permitiria o regresso do ex-presidente Evo Morales à vida política.

"Hoje, o país enfrenta uma tentativa de golpe de Estado. Hoje o país enfrenta, mais uma vez, interesses para que a democracia na Bolívia seja interrompida", declarou Luis Arce, num vídeo transmitido a partir do palácio presidencial, com soldados armados do lado de fora.

Segundo a agência de notícias Efe, Luis Arce ordenou a desmobilzação dos soldados, que tomaram a praça central da capital, La Paz, e cercaram o palácio presidencial, avança a Reuters, arrombando a entrada com um tanque.

De acordo com a mesma fonte, os militares estão armados, encapuzados e com caixas de munições de gás lacrimogéneo. 

Entretanto, Luis Arce decidiu nomear novos chefes do exército boliviano no quartel-general do executivo, demonstrando assim a falta de confiança com os atuais comandantes.

Esta tentativa de golpe de Estado surge na sequência da demissão de Juan José Zúñiga como chefe do exército da Bolívia, após uma série de ameaças ao ex-presidente Evo Morales, que pretende concorrer novamente contra o antigo aliado e atual presidente, Luis Arce, aumentando as tensões políticas no país.

O general Zúñiga está entre as vozes que criticam o regresso de Evo Morales à política nacional, defendendo que o ex-presidente, que renunciou ao cargo em 2019, na sequência de vários protestos pelo país, "não pode voltar" a chefiar a nação, uma vez que foi impedido no ano passado de participar nas eleições de 2025 pelo Tribunal Constitucional, que determina que nenhum boliviano pode ser reeleito para o mesmo cargo público.

Segundo o El País, Zúñiga confundiu a decisão daquele tribunal com a própria constitução, que apenas proíbe mais do que uma reeleição contínua, não definindo nada sobre reeleições descontínuas.

Arce e o seu antigo aliado, ícone esquerdista e ex-presidente Morales, têm lutado pelo futuro do fragmentado Movimento pelo Socialismo da Bolívia, conhecido pela sigla MAS, antes das eleições de 2025.

Cerca das 18:00 locais (23:00 em Portugal continental), os militares decidiram retirar-se da praça em frente ao palácio presidencial e a polícia retomou o controlo na capital.

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