Netanyahu suspende ministro que admitiu lançar bomba nuclear em Gaza e pediu restrições à ajuda humanitária

5 nov 2023, 10:54
Benjamin Netanyahu (AP)

Amihai Eliyahu,ultraortodoxo, admitiu que ataque nuclear na Faixa de Gaza seria uma das possibilidades das forças israelitas. Primeiro-ministro suspendeu-o mas maior partido da oposição pede demissão, alegando que as declarações polémicas prejudicaram os reféns e Israel

Benjamin Netanyahu suspendeu este domingo, das reuniões do governo israelita, o seu ministro do Património e para os Assuntos de Jerusalém, Amihai Eliyahu, depois de este ter sugerido que lançar uma bomba nuclear em Gaza era uma opção. A informação foi avançada pela agência AP, que cita fonte do gabinete do prmeiro-ministro de Israel.

Eliyahu, do partido ultranacionalista Otzma Yehudit (Poder Judaico), que faz parte da coligação no governo israelita, disse numa entrevista à radio Kol Berama que o povo palestiniano pode "ir para a Irlanda ou para os desertos" e que "os monstros em Gaza devem encontrar sozinhos uma solução".

Admitiu ainda que lançar uma bomba nuclear em Gaza seria "uma das possibilidades" e que a ajuda humanitária à população deveria ser restrita.

"Não deveríamos entregar aos nazis ajuda humanitária. Não existem civis não envolvidos em Gaza", sublinhou, acrescentando ainda que aqueles que seguram a bandeira palestiniana ou do Hamas "não deveriam continuar a viver à face da Terra".

 

Prime Minister Benjamin Netanyahu:
 

Minister Amihai Eliyahu's statements are not based in reality. Israel and the IDF are operating in accordance with the highest standards of international law to avoid harming innocents. We will continue to do so until our victory.

 

— Prime Minister of Israel (@IsraeliPM) November 5, 2023

Antes da AP avançar com a suspensão do ministro de extrema-direita, Benjamin Netanyahu já tinha divulgado nas redes sociais um curto comunicado, dizendo que as declarações do ministro Amihai Eliyahu não eram "baseadas em realidade" e garantindo que "Israel e as IDF estão a operar de acordo com os mais altos padrões da lei internacional para evitar magoar inocentes". 

"Vamos continuar a fazê-lo até à nossa vitória", acrescentou o primeiro-ministro israelita. 

O líder da oposição israelita já veio pedir a demissão do ministro ultranacionalista. Yair Lapid, líder do partido  Yesh Atid, escreveu nas redes sociais, citado pelo Guardian, que as declarações do governante que tutela o Património são "loucas e chocantes" e que Amihai Eliyahu é um "ministro irresponsável" que prejudicou as famílias dos reféns, a sociedade israelita e a posição internacional de Israel.

"A presença de extremistas no governo coloca-nos em perigo e ameaça o sucesso dos nossos objetivos - a vitória sobre o Hamas e o regressos dos que foram raptados. Netanyahu tem de o despedir esta manhã", sublinhou Lapid.

O ministro da Segurança Nacional de Israel, Itamar Ben Gvir, de extrema-direita, disse também nas redes sociais que tinha conversado com Eliyahu e que este lhe garantiu que "as suas palavras foram ditas de forma metafórica".

"É claro para todos nós que a organização Hamas deve ser destruída e apagada e é claro que faremos todos os possíveis para devolver as pessoas raptadas às suas casas", escreveu Ben Gvir na rede X.

 

Eliyahu, que não integra o gabinete de emergência criado para tomar decisões relativas às operações militares na Faixa de Gaza, tinha estado há poucos dias no centro de uma outra polémica, na sequência de um comentário que publicou através do Facebook, onde descreveu os bombardeamentos israelitas em Gaza e as operações militares na Cisjordânia como "um deleite para os olhos".

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