Podemos competir com todos

5 jun 2000, 16:00

Fasquia alta para o Europeu

A escassas horas da partida para a Holanda, o Campeonato da Europa era naturalmente a preocupação maior de Rui Costa. Simultaneamente confiante e cauteloso, o jogador não deixou de elevar a fasquia até ao nível que considera estar ao alcance de Portugal. 

- Já se imaginou, nem que fosse em sonho, a levantar a taça de campeão europeu? 

- Todos nós, antes de partir para uma competição do género, sonhamos com aquele momento mágico que é levantar o troféu. Quando voltamos novamente à terra lembramo-nos de que para levantar o troféu e ter essa alegria imensa teremos que passar por grandes dificuldades. Desde o início do estágio até acabar a competição. Neste momento o mais importante não é pensar nisso, mas sim na preparação para lá chegar. 

- Há excesso de euforia em torno da Selecção? 

- Sim. Para nós é um orgulho, porque é sinal que as pessoas confiam bastante, mas ao mesmo tempo ¿ sem pretender fugir à pressão que vamos ter e às nossas responsabilidades ¿ isso é provavelmente desprezar todos os grandes adversários que teremos que bater para chegar à final. 

- Qual é o mais complicado? O primeiro? 

- Dizemos isso normalmente, mas não se trata uma frase feita. É porque na realidade o primeiro jogo é fundamental. Não só pelos pontos que podem dar uma boa vantagem inicial, mas pela condição moral em que a equipa fica. O jogo com Inglaterra vai ter que ser muito bem trabalhado. Vamos tentar logo nesse momento ganhar vantagem no grupo. É mais fácil defender uma vantagem do que andar depois à procura de pontos perdidos. 

- Portugal tem revelado dificuldades diante de selecções de topo. Por que acha que isso tem sucedido? 

- Precisamente porque estamos a falar de selecções de topo, de grandes jogadores e grandes equipas. Só que a ideia que nos fica é a de que em nenhum jogo fomos inferiores. Na derrota em casa com a Roménia, que é do nosso grupo, ficou bem demonstrado que essa equipa não foi superior a Portugal, como aliás sucedeu no empate na Roménia. Isto faz-nos pensar que desta vez podemos batê-los. Contra a Itália acabámos por perder 2-0 com uma ingenuidade nossa na situação do primeiro golo. De qualquer das formas não fomos inferiores. Tirando ilações positivas desses jogos, acreditamos que podemos competir com todas as selecções que irão estar presentes no Europeu, embora respeitando, como é óbvio, a potencialidade e a capacidade das mesmas. 

- Depois deste Europeu ir-se-á preparar um novo ciclo na Selecção ou esta geração ainda estará em pleno em 2002 e a olhar para 2004? 

- Se falar em desejos para o futebol português, esperemos que no próximo Europeu estejam já outros grandes valores a representar Portugal. Será sinal de que Portugal estará a fazer uma boa manutenção de valores. Se falar em desejo meu, claro que quero estar presente em 2004. É um marco para o meu futuro e não quero abandonar este trajecto. Não estarei assim tão velho na altura e creio que terei capacidades para dar o meu melhor à selecção. De qualquer modo, não direi que esta é a última, mas é de facto a grande oportunidade desta geração, portanto vamos ter que conseguir aproveitá-la.

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