opinião
Diretor da CNN Portugal

Os erros de Rio e o joker de Costa

6 dez 2021, 12:05

Passou uma semana e Rui Rio ainda não falou ao país, nem para o país.

Sim, era suposto que o jornalismo preferisse a pequena trica das listas, dos vencidos e vencedores, dos ajustes de contas – e não coloco a CNN (ainda) fora dessa velha intendência –, mas Rio, sempre tão firme e determinado, falou para dentro e raramente para fora. Esteve bem nas referências a Eduardo Cabrita e Francisca Van Dunem, porque foi direto, eficaz na comunicação e até irónico no tom, o que lhe permite atingir outros eleitores. Rui Rio deve fechar durante a semana o embaraçoso assunto das listas, abrir o PSD a independentes, não fazer vendettas integrando os melhores, não levar o CDS ou o inexistente PPM à boleia e de uma vez por todas falar para fora.

Rio pode ser primeiro-ministro ganhando o centro, mas tem que conter a direita. Se juntos, Iniciativa Liberal e Chega valerem entre 10 a 13%, dificilmente o PSD terá acima de 30%. É ver os livros de história e fazer contas.

Sem Fernando Medina, inesperado perdedor com estrondo em Lisboa, António Costa ficou sem o seu delfim favorito ou, ao menos, o que já tinha mais lastro. Medina anda por aí (aliás por aqui na CNN Portugal), sendo claro que um regresso à ribalta levará tempo. Costa, com visão a que os detratores chamam habilidade, chamou Francisco Assis, velho rival pelo qual não nutre qualquer apreço, mas que recentra o partido, dando um sinal ao eleitorado moderado, ao mesmo tempo que ocupa espaço impedindo o crescimento de Pedro Nuno Santos.

Francisco Assis, um veterano de demasiadas batalhas, não entusiasma ninguém, mesmo tendo qualidades políticas e convicções – por exemplo, foi sempre contra a geringonça. António Costa é mais pragmático: em cada momento faz o que for preciso para manter o poder. É um chefe político e não há muitos. 

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