Costa coloca-se ao lado de Marcelo. "É inaceitável a interpretação que tem sido feita das suas palavras" sobre os abusos na igreja

12 out 2022, 13:18

Questionado sobre se Marcelo deve ou não um pedido de desculpa aos portugueses, o primeiro-ministro foi taxativo: "quem tem feito essa interpretação é que deve um pedido de desculpa ao Presidente da República"

O primeiro-ministro reagiu, esta tarde, às declarações polémicas do Presidente da República em relação aos abusos sexuais na igreja e considerou "inaceitável" a interpretação que tem sido feita das palavras de Marcelo Rebelo de Sousa.

"Queria expressar a minha total solidariedade com o senhor Presidente da República, mais concretamente com o professor Marcelo Rebelo de Sousa, pela interpretação inaceitável que tem sido feita das suas palavras", disse António Costa aos jornalistas, em Viseu. 

Depois de o Chefe de Estado ter sido duramente criticado à esquerda e à direita, com os líderes partidários a exigirem um pedido de desculpa aos portugueses, o primeiro-ministro saiu em defesa de Marcelo. "Eu conheço o senhor Presidente da República, todos nós conhecemos bem o senhor Presidente da República, portanto, todos sabemos que, para uma pessoa como Marcelo Rebelo de Sousa, um caso que fosse, só um caso de abuso sexual sobre crianças, seria algo absolutamente intolerável, como é para o conjunto da sociedade". 

Questionado sobre se Marcelo deve ou não um pedido de desculpa aos portugueses, Costa foi taxativo: "Quem tem feito essa interpretação é que deve um pedido de desculpa ao Presidente da República". 

O primeiro-ministro admitiu que por vezes na vida política "não utilizamos a melhor expressão e não nos interpretam da melhor forma", mas voltou a reforçar que a intenção do Chefe de Estado nunca foi a de desvalorizar o número de casos validados pela Comissão Independente para o Estudo de Abusos Sexuais na Igreja Católica, até porque, sustentou, "a violação do direito das crianças não tem nada a ver com a quantidade".

Foi ao final da tarde de terça-feira que, em declarações aos jornalistas, Marcelo Rebelo de Sousa disse: "Não me surpreende. (...) haver 400 casos não me parece que seja particularmente elevado porque noutros países – e com horizontes mais pequenos – houve milhares de casos". Depois da onda de críticas quase imediata, o Presidente da República quis fazer uma primeira correção. Reafirmou o facto de 424 casos não ser um número "particularmente elevado" mas acrescentou "face à provável triste realidade". 

Depois desta, houve uma segunda tentativa de remediar a situação. Marcelo negou que a sua assumida fé católica tenha qualquer influência na avaliação que faz dos casos de abusos sexuais na igreja, referindo que 424 denúncias lhe "parece pouco".

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