Marcelo: "400 casos de abusos sexuais na Igreja não me parece particularmente elevado"

11 out 2022, 18:18

Presidente da República diz ainda que se trata de queixas de "há 60 ou 70 anos"

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, afirmou esta terça-feira que as 424 queixas validadas pela Comissão Independente para o estudo dos abusos sexuais contra crianças na Igreja Católica não é um número "particularmente elevado".

"Não me surpreende", começou por comentar o chefe de Estado, quando questionado pelos jornalistas no Palácio de Belém. Isto porque, justifica Marcelo, "não há limite de tempo para estas queixas". "Há queixas que vêm de pessoas de 90 ou 80 anos e que fazem denúncias relativamente ao que sofreram há 60 ou 70 anos."

"Portanto, significa que estamos perante um universo de pessoas que se relacionam com a Igreja Católica de milhões de jovens ou muitas centenas de milhares de jovens. Haver 400 casos não me parece que seja particularmente elevado porque noutros países com horizontes mais pequenos houve milhares de casos”, disse o Presidente da República.

Esta terça-feira, a Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais contra as Crianças na Igreja Católica Portuguesa revelou, em conferência de imprensa, em Lisboa, que já recebeu 424 testemunhos e assumiu que a maior parte dos crimes reportados já prescreveu, havendo 17 casos enviados para o Ministério Público.

Segundo Pedro Strecht, coordenador da Comissão Independente, "o número mínimo de vítimas será muitíssimo maior do que as quatro centenas e os abusos compreendem todas as formas descritas na lei portuguesa". "A maior parte das situações encontra-se juridicamente prescrita", adiantou o pedopsiquiatra.

O Presidente da República disse que tem "acompanhado desde o início a atividade" desta estrutura constituída por decisão da Conferência Episcopal Portuguesa, que recebeu "há talvez um mês".

A comissão coordenada por Pedro Strecht "está a preparar o relatório final, que vai apresentar dentro de dias ou dentro de pouco tempo", adiantou Marcelo Rebelo de Sousa.

Política

Mais Política

Patrocinados