Jesus e os velhos hábitos (que não resultaram mais uma vez)

7 mar 2016, 10:02
Jorge Jesus (Lusa)

«Óculos do Treinador» é um espaço de análise de Rui Lança

O currículo de Jorge Jesus fala por si. Custe o que custar, apresenta títulos e, nos últimos anos, tem reinado em Portugal com várias conquistas em diferentes competições internas. Se é fruto do seu trabalho ou das condições que o seu clube lhe proporcionava é uma discussão semelhante à do ovo e da galinha. Mas nem tudo foram rosas e a sua idade, experiência e identidade também apresentam obstáculos.

E infelizmente para os adeptos do Sporting os hábitos menos positivos reapareceram no sábado frente ao Benfica. Isto não invalida e não retira qualquer mérito ao percurso interno até agora, não apaga a superioridade do Sporting em todos os dérbis até este último frente ao Benfica. Mas este era O jogo que poderia retirar o Benfica do título e lançar o Sporting numa corrida mais isolado.

Jesus voltou a alterar a identidade da sua equipa

E de que hábitos falo? O treinador ex-FC Porto Vítor Pereira afirmou várias vezes que Jorge Jesus perante a sua equipa alterava sempre a identidade do Benfica e com isso o fragilizava em diversos campos . Do ponto de vista tático e organizacional e na mensagem interna que passava para os seus jogadores.

No sábado, Jorge Jesus tentou alterar algo – e defendo que as equipas devem ser compostas e organizadas consoante o adversário que temos pela frente –, mas alterou para pior. Alterou dinâmicas. Alterou hábitos que eram bons e que tinham dado resultados até agora.

Jesus deu-nos uma pequena lembrança do que eram as suas conferências do eu ganho, nós empatamos e eles perdem.

Na conferência de imprensa após o jogo, o treinador sportinguista deu-nos uma pequena lembrança do que eram as suas conferências do eu ganho, nós empatamos e eles perdem. Percebe-se o nervosismo, a tristeza, tudo isso. Não se compreende ou não se pode aceitar que tenha perdido todo o tempo a falar da incompetência – na sua opinião – do adversário e não ter percecionado que alguns dos seus hábitos são excelentes e outros nem tanto. Costuma-se dizer que a história repete-se sempre duas vezes. Ou mais. O Sporting e os seus adeptos nem querem ouvir falar nisso. Falo da sucessão de perdas de intensidade que as equipas de Jesus costumam apresentar nesta fase da época.

E agora? Possivelmente os três candidatos ainda vão perder pontos. Ainda há um clássico. O grande trunfo do Sporting era chegar ao Dragão e a Braga com uma vantagem pontual que possibilitasse ao seu técnico continuar com mind games. Dizer várias vezes que não via ninguém melhor que o Sporting, que não via ninguém à sua frente, a justificar o porquê de ter abdicado de todas as outras competições. Mas o calendário não lhe vai ser muito favorável e, se o FC Porto continuar na luta, o clássico entre as duas equipas vai eliminar provavelmente um deles na corrida até à última jornada.

Este é um cenário que incomoda qualquer treinador e Jorge Jesus vai ter de gerir algo a que esta época não está habituado. São conferências de imprensa onde as perguntas vão focar-se em erros e não em atributos. Vamos esperar para ver. 

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