"Fazia parte da nossa família." Casal que acolheu Alex Batty em França diz que desconhecia verdadeira identidade do menino

CNN Portugal , BCE
17 dez 2023, 20:01

Alex Batty viveu durante dois anos numa casa de turismo rural em França. Os proprietários da casa conheciam-no como "Zach" e dizem ter-se afeiçoado a ele, tanto que o jovem era visto como parte da família. Até que foi embora pelo próprio pé para "voltar a ter uma vida normal"

Alex Batty, o jovem britânico que foi encontrado em França depois de ter estado desaparecido durante seis anos, viveu durante dois anos, de forma intermitente, numa casa de turismo rural situada numa zona remota de França.

Os proprietários da casa, Ingrid Beauve e Fred Hambye, já o viam como parte da família. "Acreditamos que ele gostava da estabilidade e da segurança que representávamos para ele", conta o casal, num comunicado de imprensa divulgado este domingo para esclarecer o seu papel na história de Alex Batty, que até há uma semana conheciam como "Zach".

O casal diz que conheceu Alex Batty (ou Zach, na altura) no final do outono de 2021, quando o adolescente chegou àquela casa acompanhado pelo avô e pela mãe. Ingrid e Fred estão habituados a receber turistas naquela casa, mas também caminhantes e ciclistas, além de grupos que reservam estadias para festas, seminários ou eventos culturais.

Alex Batty só "estava à procura de um lugar para ficar", recorda o casal. "Nós dissemos-lhe para ficar connosco durante alguns dias/semanas, numa fórmula do género 'WorkAway', na qual ele contribuía para a manutenção da casa (jardinagem, ajuda na cozinha) em troca de alojamento e comida", explicam, salientando que Alex Batty "tinha livre acesso ao frigorífico" e à comida da família.

Ingrid e Fred afirmam que Alex "adorava cozinhar" e "tinha vontade de participar na vida da casa do campo enquanto lá estava".

Aos domingos, recorda o casal, Alex acompanhava a família nas idas ao mercado para "encontrar-se com a sua mãe". "Ele ficava connosco durante períodos mais ou menos longos. Saiu várias vezes para se juntar à mãe nos seus sucessivos locais de residência entre Aude e Ariége. Não tivemos muito contacto com a mãe e ela nunca viveu na nossa casa de campo. Tanto quanto sabemos, ela procurava um lugar para viver numa comunidade. A nossa casa não tem essa ambição. Também não somos uma comunidade espiritual", assinalam.

"À medida que o tempo passava, começámos a vê-lo como parte da nossa família", admite o casal, salientando a "boa relação" de Alex Batty com os seus filhos. "Passámos bons momentos juntos no verão, a andar de bicicleta, na praia, no rio, etc.", recordam.

Alex era "livre de ir embora e voltar quando quisesse"

A última vez que Alex Batty regressou à casa de campo foi precisamente no início do verão deste ano, indicam Ingrid e Fred. "Ele tinha um quarto só para ele, acesso ilimitado à internet e estava completamente livre para ir embora e voltar quando quisesse", garantem.

"Queríamos ajudá-lo (embora não tivéssemos autoridade parental, uma vez que a sua família estava por perto) e encorajámo-lo a aprender francês e a estudar. Em particular, ajudámo-lo a encontrar uma escola que pudesse frequentar sem qualquer histórico de educação. Ele estava ansioso por ir para a escola e por voltar a ter uma vida normal", afirma o casal.

Para isso, porém, Alex Batty precisava de documentos de identificação, que dizia não ter. "Quando soubemos que ele não tinha documentos de identificação, oferecemo-nos para o levar ao consulado britânico. Ele disse-nos que iria arranjar maneira de regressar ao Reino Unido pelo seu próprio pé para obter novos documentos e regressar à escola", contam Ingrid e Fred.

"Deixámos claro que ele seria sempre bem-vindo e que, se fosse preciso, estaríamos sempre dispostos a ajudá-lo", garantem.

O casal diz que descobriu a verdadeira identidade e a história de Alex Batty pela imprensa, no início da semana passada. "Desejamos-lhe a maior das sortes", referem, no comunicado.

Alex Batty regressou este domingo "em segurança" ao Reino Unido, anunciou a polícia de Manchester, seis anos depois de ter sido dado como desaparecido. O adolescente encontrou-se hoje com um membro da família e com agentes da polícia britânica no aeroporto de Toulouse antes de iniciar o seu tão esperado voo de regresso a casa.

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