Um pequeno guia para a higienização da sua cama, para evitar alergias e doenças como asma e rinite
A cama é um elemento essencial na nossa vida, no entanto, quando chega a hora de a higienizar, muitas são as dúvidas que poderão surgir.
Primeiro, é importante perceber o que está nos colchões e na roupa de cama, que poderá ser prejudicial para a saúde. Sofia Baptista, correspondente médica da CNN Portugal, afirma que são os ácaros aqueles que poderão estar presentes em maior quantidade nesses locais: “Os ácaros do pó da casa existem em todo o mundo, com maior prevalência nos climas húmidos.”
São animais de dimensões microscópicas que se alimentam principalmente de “restos de pele humana, que vai descamando, e se depositam particularmente na roupa de cama e colchões”, explica a médica.
O que os torna prejudiciais para a saúde humana são os alergénios que produzem - cerca de 40, que são uma das principais causas de alergias respiratórias a nível mundial, associando-se a doenças como asma e rinite. A dermatite também está relacionada.
Inclusive, Sofia Baptista conta que “os estudos têm demonstrado que os sintomas de asma em adultos e crianças poderão ter correlação com os níveis de ácaros em casa”.
Mas então, o que podemos fazer para os evitar?
O algodão e as coberturas anti-ácaros
Segundo a informação presente no website da Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica, os edredons devem ser preferencialmente de material sintético, evitando-se usar os de penas, os cobertores devem ser de fibras sintéticas e os lençóis devem ser preferencialmente de algodão.
Ana Borgas, do departamento comercial da Molaflex, garante que o algodão “é um material mais fresco e que permite uma maior circulação do ar".
A Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica diz ainda que as almofadas devem ser de espuma ou outro material sintético, sendo aconselhado que os lençóis, fronhas de almofadas e edredons sejam lavados a temperaturas superiores a 55ºC, de forma a que seja mais eficaz a remoção dos ácaros e das suas partículas.
A correspondente médica da CNN Portugal ressalva que “a evidência proveniente dos estudos ainda não permite dizer de forma inequívoca que medidas de diminuição da exposição a alergénios são eficazes na diminuição dos sintomas de asma e rinite”, sendo “impraticável evitar por completo o contacto com ácaros”.
Apesar disso, a médica aconselha o uso de coberturas anti-ácaros para almofadas e colchões, afirmando que “um ensaio clínico de boa qualidade demonstrou que a utilização destas coberturas anti-ácaros diminuiu a necessidade de crianças asmáticas com alergia aos ácaros recorrerem ao hospital por agravamento da sua doença.”
Para casos graves de doença, a médica reforça a importância da medicação: “Deve sublinhar-se o papel da medicação prescrita pelo médico nos casos de rinite e asma, uma vez que os doentes que têm a sua doença bem controlada por medicação serão menos afetados pelos fatores ambientais.”
A sabedoria popular
Ainda sobre medidas de higienização, Ana Borgas fala da importância de arejar o colchão, um movimento que deve ser feito, no mínimo, no início da primavera e no início do outono.
Para isso, aconselha abrir as janelas do quarto ou até “colocar o colchão num espaço exterior, se possível.”
A sabedoria popular aconselha a virar o colchão a cada mudança de estação e Ana Borgas concorda que esta “é uma forma prática de não nos esquecermos de o fazer”.
“No mínimo, devemos virar o colchão sempre que muda a estação, fazendo com que haja 4 posições do colchão ao longo do ano. A viragem pode ser feita, por exemplo, dos pés para a cabeça, depois trocamos a face de cima para a de baixo, depois pés para a cabeça e novamente trocar a face de cima para baixo", conta.
Quando troco de colchão?
Sofia Baptista afirma que não existe evidência do período concreto em que se deve fazê-lo: “A principal razão será relacionada com o conforto. Apesar disso, sendo o colchão um dos locais que mais concentra ácaros na casa, este facto também deve ser tido em conta na hora de trocar de colchão”, defende a médica.
Ana Borgas concorda com a questão do conforto. "O colchão vai ficando desgastado e, mesmo que se faça a rotação, chega a um ponto em que os materiais chegam ao fim da vida útil”, apontando para um período de sete a dez anos para a troca.
Relativamente às almofadas, o período é mais curto, com a Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica a aconselhar a sua substituição a cada três anos.