Zelensky demite todos os chefes regionais de recrutamento militar por corrupção

Agência Lusa , AM
11 ago 2023, 15:42
Volodymyr Zelensky (AP)

Presidente ucraniano prometeu punir os responsáveis pela corrupção e apelou aos outros para "irem para a frente" de combate se quisessem "manter as suas divisas e provar a sua dignidade"

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, anunciou esta sexta-feira que todos os chefes dos serviços regionais de recrutamento da Ucrânia serão demitidos devido ao alto número de casos de corrupção aí existentes.

"O sistema deve ser gerido por pessoas que sabem exatamente o que é a guerra e porque o cinismo e o suborno em tempo de guerra são traição", disse Zelensky na rede social Telegram, denunciando casos que permitiram a recrutas escapar ao exército.

"Enriquecimento ilícito, legalização de fundos obtidos ilegalmente, lucros ilícitos, transporte ilegal de recrutas através da fronteira. A nossa solução: demitimos todos os comissários militares", anunciou Zelensky, na sequência de um inquérito anticorrupção.

O presidente ucraniano afirmou que tinham sido iniciadas 112 investigações criminais na sequência de uma inspeção efetuada pelos organismos anticorrupção da Ucrânia, os serviços de segurança (SBU) e o Ministério Público.

"Há abusos em várias regiões. Donetsk, Poltava, Vinnytsia, Odessa, Kiev", denunciou, apelando ao comandante-chefe das forças armadas, Valery Zalouzhny, para que substitua os funcionários demitidos por veteranos da guerra iniciada pela Rússia a 24 de fevereiro de 2022.

Na sua opinião, o recrutamento militar deve ser organizado por "soldados que estiveram na frente de batalha ou que já não podem estar nas trincheiras por terem perdido a saúde ou um membro".

Zelensky prometeu punir os responsáveis pela corrupção e apelou aos outros para "irem para a frente" de combate se quisessem "manter as suas divisas e provar a sua dignidade".

No final de julho, as autoridades ucranianas anunciaram a detenção de um antigo comissário do exército, cujas responsabilidades incluíam a mobilização, por suspeita de ter comprado uma vivenda por cerca de quatro milhões de euros em Espanha, durante a invasão russa da Ucrânia.

A luta contra a corrupção, um mal endémico na Ucrânia, que já era um dos países mais pobres da Europa antes da invasão russa, é uma das condições impostas pela União Europeia (UE) para que Kiev continue a ser candidato à organização.

Desde o início do ano, os organismos anticorrupção do país revelaram dois casos de grande visibilidade.

Em maio, o presidente do Supremo Tribunal foi preso e detido no âmbito de um processo de corrupção que envolveu 2,7 milhões de dólares (2,5 milhões de euros). 

Em janeiro, um caso relacionado com fornecimentos do exército levou a uma série de demissões em ministérios, regiões e no sistema judicial do país.

A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou, de acordo com os mais recentes dados da ONU, a pior crise de refugiados na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

A invasão russa – justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de “desnazificar” e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas. 

Relacionados

Europa

Mais Europa

Mais Lidas

Patrocinados