Putin pediu desculpa ao primeiro-ministro israelita pelas declarações de Lavrov (que disse que Hitler tinha "sangue judeu")

5 mai 2022, 18:27

O ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergei Lavrov, disse recentemente que Adolf Hitler tinha "sangue judeu", comparando-o a Volodymyr Zelensky, para contrariar o argumento de Kiev de que não há nazismo na Ucrânia porque o seu presidente é judeu

Vladimir Putin pediu, esta quinta-feira, desculpas ao primeiro-ministro israelita pelas recentes declarações do ministro dos Negócios Estrangeiros russo, que disse, numa entrevista a um canal televisivo italiano, que Hitler tinha "sangue judeu", tal como Volodymyr Zelensky.

De acordo com a Reuters, o chefe de Estado russo falou por telefone com o governante israelita, começando por pedir desculpas pelas declarações de Sergei Lavrov que foram alvo de várias críticas não só do governo de Israel, como também dos líderes do Ocidente.

Naftali Bennett terá aceite o pedido de desculpas de Vladimir Putin, agradecendo-lhe as suas palavras e a clarificação da posição de Moscovo. 

Durante a chamada telefónica, o primeiro-ministro israelita aproveitou para pedir a Putin que permita a retirada segura de civis da fábrica Azovstal, localizada na cidade portuária de Mariupol. Em resposta, Putin garantiu que as suas tropas vão cumprir o cessar-fogo para a abertura de corredores humanitários naquele que é o último baluarte de resistência na cidade sitiada pelas forças de Moscovo.

No domingo, Sergei Lavrov afirmou, durante uma entrevista, que Adolf Hitler tinha "sangue judeu", tal como o presidente ucraniano. O ministro dos Negócios Estrangeiros russo falava à televisão italiana, quando reiterou que o objetivo da Rússia para a invasão da Ucrânia é “desnazificar” o país. Mas não só: Lavrov minimizou também o facto de o próprio Volodymyr Zelensky ser judeu.

“Ele [Zelensky] apresenta um argumento: que tipo de nazismo eles podem ter se ele é judeu? Posso estar errado, mas Hitler também tinha sangue judeu. Não significa absolutamente nada. O povo judeu sábio diz que os antissemitas mais fervorosos geralmente são judeus", disse Lavrov.

Israel não demorou a reagir aos comentários de Lavrov, incluindo o próprio primeiro-ministro, Naftali Bennett, que frisou que aquelas declarações não passavam de uma "mentira", defendendo ainda que "o uso do Holocausto para fins políticos tem de parar". Também o ministro dos Negócios Estrangeiros israelita,  Yair Lapid, não deixou passar as declarações do seu homólogo russo em branco, considerando-as "imperdoáveis e ultrajantes", além de serem "um terrível erro histórico".

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, também reagiu aos comentários de Lavrov, apontando que os mesmos mostram que Moscovo “esqueceu” - ou, na verdade, “nunca aprendeu” - "as lições da Segunda Guerra Mundial".

"É claro que agora há uma grande polémica em Israel por causa dessas palavras. Mas ninguém ouviu qualquer justificação por parte de Moscovo. Só temos silêncio. Isto mostra que a liderança da Rússia se esqueceu de todas as lições da Segunda Guerra Mundial”, disse Zelensky.

“Ou então, talvez nem tenha aprendido com essas lições”, atirou o presidente ucraniano, considerando que estas palavras "não foram acidentais".

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